Capítulo 22

No domingo de manhã, Alex acorda antes de Claire. Ele se vira na cama e passa o braço pela cintura dela, a abraçando e fechando novamente os olhos. Ele estava se sentindo feliz de um jeito especial e que até parecia um sonho, de tão bom.

Ela acorda, mas sem abrir os olhos, sente os braços quentes dele a envolvendo e apenas sorri, passando a mão pela pele dele até chegar em sua mão e então entrelaça seus dedos nos dele.

– Acho que é a melhor manhã de toda minha vida. – Ele diz, baixinho perto do ouvido dela.

– Não consigo pensar em alguma que tenha sido melhor. – Ela diz com sinceridade e sorri, se virando para ele.

Ficam apenas se olhando por alguns minutos, sem pressa e ele passava a ponta dos dedos no contorno do rosto dela, pensando como seus traços eram delicados e perfeitos. Ele poderia passar o dia todo apenas olhando para ela, gravando cada detalhe de seu rosto, beijando cada pedaço de seu corpo.

– Estou faminta! Vou buscar algumas coisas para comermos. – Ela o beija e pula da cama. Thor vem ao encontro dela e começa a pular em sua perna. – Bom dia, meu cãozinho lindo! Cadê sua amiguinha? Vou colocar comida para vocês dois, vá chamá-la. – Claire dá o comando para Thor, mas ele continua pulando nela. – Nossa, Alex! São 8 horas da manhã. É domingo, podemos ficar mais tempo na cama. – Ela sorri, pegando Thor no colo.

– Por mim, fico aqui o dia todo. – Ele sorri de volta para ela.

– Quero ir visitar meu pai no hospital agora de manhã, mas a visita de domingo começa às 11h. Ainda temos tempo. O bom de acordar cedo, é que aproveitamos melhor os momentos. – Ela pisca para ele e sai com Thor no colo.

Na cozinha ela coloca comida para a gata e para o cachorro. Em poucos segundos, Kissy sente o cheiro de sua comida e vem ao encontro dela e de Thor. Claire se encosta na pia e fica observando os dois bichanos comendo, animadamente. Ela adora ver como os bichos se comportam enquanto comem, brincam, dormem. Para ela, era algo que a fazia sorrir, ver como um animal era bem cuidado e como ele estava feliz. E a felicidade de Thor era bem explícita, pois seu pequeno rabo não parava de balançar um minuto sequer.

Ela pega uma bandeja e coloca frutas, suco e alguns pães. Abre a geladeira e pega alguns queijos e frios. Tudo bem prático, pois não queria ficar perdendo tempo na cozinha, enquanto o homem que ela estava apaixonada, a esperava na cama de seu quarto.

Minutos depois ela volta ao quarto e eles tomam café, olhando pela grande porta de sua varanda, que estava apenas aberta para entrar claridade. O vidro estava fechado, pois o vento já era frio naquela manhã.

Depois de um longo e demorado banho de banheira, eles estão prontos para partir rumo ao hospital. Alex estava um pouco ansioso e Claire percebeu isso somente quando já estavam no carro.

– Está tudo bem, lindo?

– É… Está sim. Apenas um pouco inseguro e ansioso para conhecer seu pai. Sempre fico pensando que as pessoas não irão me aceitar ou algo do tipo.

– Meu pai já sabe de você. Ele está doido para conhecer o homem que anda me fazendo tão feliz. – Ela pega a mão dele e aperta. – Vai dar tudo certo. – Ela sorri e ele também. – Nossa! Me lembrei que temos que tentar escrever mais músicas hoje. Será que a gente consegue?

– Bom, a gente pode tentar escrever, rabiscar alguma coisa… Entre um beijo e outro… Embaixo do cobertor… Não sei se conseguiremos, mas podemos tentar. – Ele dava risada e Claire mordeu os lábios.

– Também não sei se conseguimos… Porque já estou morrendo de vontade de voltar pro apartamento. – Ela balança a cabeça e ele ri.

– Eu estou disponível! – Ele diz, levantando as mãos e eles riem.

– Sorte que eu amo muito meu pai.

E continuaram brincando e se provocando até a chegada ao hospital. Alex hesitou um pouco antes de entrar no quarto de Steve, mas quando Claire segurou sua mão, ele teve coragem de dar os passos que faltavam.

Steve estava sendo barbeado por Jane e eles sorriram ao ver Claire acompanhada de Alex. Jane largou a lâmina e o pequeno pote com espuma em cima da cama e correu para abraçar o casal, deixando Steve com as bochechas cheias de espuma.

– Como está se sentindo hoje, Papai Noel? – Claire disse dando risada, o que também causou riso dos outros, até de Steve.

– Ele está melhorando muito, filha. O médico disse que os exames estão quase normais. Provavelmente mais alguns dias ele receberá alta. – Disse Jane.

– Estou sentindo que posso correr uma maratona!

– Claro que pode. No videogame, nos seus sonhos… Pode fazer isso tranquilamente, Sr. Steve. – Claire olha para a mãe. – Peguem leve na “lua de mel” quando saírem daqui, ok?! – Steve gargalhou e Jane sentiu suas bochechas ficando vermelhas e olhou para Alex.

– Alex, você não tinha conhecido Steve ainda, não é? – Jane se apressou em mudar o assunto. Alex sorriu para ela e Claire cutucou o pai, ambos rindo do jeito tímido de Jane.

– É, sim. Quer dizer, não. Não o conhecia ainda. – Jane estava olhando bem no rosto de Alex e sorrindo. Estava pensando que ele era muito bonito e olhou para Claire. Pensou que os dois formavam um casal lindo.

– Steve, imagina um filho desses dois! – Jane deixou escapar. Claire abriu a boca e Alex deu risada. Steve cerrou os olhos.

– Não quero imaginar isso por enquanto. – Steve disse, tentando parecer um pai ciumento.

– Meu Deus, que festival de assuntos constrangedores! – Desabafou Claire, se aproximando de Alex e o abraçando. – Estou me arrependendo de ter vindo aqui.

Os quatro passam a próxima hora apenas conversando e dando risada. Pessoas leves tendo conversas leves. Alex já estava à vontade com os pais de Claire e ela estava feliz por ver que seus pais estavam demonstrando aceitação por Alex.

Na volta do hospital, eles decidiram parar em um pub perto da Victoria Station para almoçarem. Claire pediu um Fish and Chips. Ela ainda não havia comido um dos pratos mais tradicionais de sua cidade, desde quando voltou a morar lá.

Depois foram caminhar um pouco pela cidade, passando pela Buckingham Palace Road, depois pela Eccleston Street, chegando ao Eaton Square Garden.

Enquanto eles comentavam das folhas que já estavam secando e mudando de cor, por causa do outono, o celular de Claire tocou. Era Matthew novamente. Ela olha para Alex, e novamente não sabia o que fazer. Gentilmente, Alex tira o celular da mão dela, coloca no silencioso e guarda em seu bolso. Claire sorriu e o abraçou.

Era exatamente daquela atitude que ela estava precisando, mesmo que não soubesse.

***

“Claire, eu consegui um emprego aqui em Londres. Vou trabalhar com algumas novas promessas da música. Talvez eu acabe me encontrando com você, pois não sei em quais gravadoras eles estão trabalhando. Só queria te avisar, para que não ficasse surpresa ao me ver por aqui. Eu vou tentar minha vida em Londres, porque ainda posso trabalhar lá em New York, mesmo à distância. Estou aqui a apenas 3 dias e realmente estou gostando. A sua cidade natal é encantadora… É domingo, estou caminhando aqui na margem do rio Tâmisa, perto da London Eye. Você deve estar ocupada, curtindo seus pais e amigos… Claire, se eu tivesse apenas um pedido para ser realizado hoje, eu pediria para ter você de volta na minha vida… A gente se fala. Beijos.”

Claire escutou a mensagem que Matthew deixou em sua caixa postal, enquanto Alex estava escolhendo um disco para tocar. Pensou que, mesmo se não estivesse tão envolvida com Alex, não iria se reencontrar com Matthew, pois já sabia que não daria certo com ele e também sabia que eles são completamente incompatíveis. Ela sabia que o tempo deles já havia passado e que ele não batalhou o suficiente para manter o amor que existia entre eles, forte e saudável.

Ela havia aberto uma garrafa de vinho e também fez pipoca. Estava sentada no chão de sua sala, com Kissy se esfregando em sua coxa. Ela colocou uma lata cheia de lápis de cor e canetas em cima da mesa de centro, junto com diversas folhas de papel sulfite. Ela jogou o celular no sofá e Thor correu para ficar cheirando.

Alex colocou o disco ao vivo de John Mayer, para tocar bem baixinho enquanto eles tentassem escrever. Ele se sentou no chão ao lado dela e brindaram com a taça de vinho tinto francês. Ela deixou algumas folhas na frente dele e puxou outras para si. Pegou três cores de lápis de cor (vermelho, preto e verde escuro) e se afastou um pouco dele.

– Aonde você vai? Fique aqui ao meu lado. – Ele reclamou sorrindo. Ela retribuiu o sorriso.

– Quero escrever e desenhar coisas sem que você veja.

– Ohh! Isso de novo?

– Você viu que funciona. Nossa música ficou perfeita.

– Sim, concordo com você. – Ele olha para os papéis e sorri para ela. – Então, qual será o tema de hoje?

– Estive pensando… Acho que pode ser alguns temas que nós dois estamos vivendo no momento. – Ela sorriu.

– Neste momento, depois de tanto comer no almoço, meu momento é “barriga estufada”. – Ele riu e ela o acompanhou.

– Isso seria engraçado. Imagina escrever uma música falando de barriga estufada! – Ela gargalhou, imaginando algumas frases. – Olha só como ficaria “Meu amor, você me deixa cheio! Estou sentindo todos os gases se formando dentro de mim, como se fossem me explodir. Faz me intestino trabalhar, meu estômago trabalhar. Você me dá trabalho”.

– Céus, o que tem nesse vinho? – Ele pega a garrafa e olha lá dentro, como se procurasse por alguma coisa. Claire estica o braço e dá um tapinha nele.

– É sério. Vamos escrever sobre amor e agradecimento.

Eles se olham apaixonadamente. É claro que havia muito coisa para agradecer, de ambas partes. Não dizem mais nada. Cada um começa a rabiscar nas folhas e fazer desenhos. Alex não tinha a menor ideia de como passar tudo o que estava sentindo para papel, então arriscou alguns desenhos engraçados e quando Claire passou os olhos pelas folhas dele, começou a rir.

– Estou vendo corações estranhos na sua folha. – Ela tenta olhar mais de perto, mas ele coloca a mão e bloqueia a visão.

– Cuide de suas folhas. Gênio trabalhando. – Ele continua desenhando sem ao menos olhar para ela, que dá risada e volta para sua folha.

Entre um gole de vinho e outro, trocar de olhares e sorrisos, depois de alguns minutos, os dois preencheram 4 folhas com frases e desenhos. Claire une todas as folhas juntas e dobra. Deixa em cima da mesa, embaixo do pote com lápis de cor.

– Você não quer ver o que eu desenhei e escrevi? – Alex perguntou.

Ela sorriu e não disse nada, se aproximou dele e passou seus braços pelo pescoço dele, jogando seu corpo contra o dele e o beijando. Ele a segurou e retribuiu o beijo. Depois de alguns segundos de entrega naquele beijo doce, ela respirou fundo e o olhou.

– Não quero ver nada agora. Só quero você.

Eles sorriram e ele a pegou no colo. Dando risada juntos, ele pensou que tudo aquilo era leve e bom demais. Não tinha dúvidas de que eram os melhores momentos que ele já havia vivido na vida. Com Claire em seus braços, ele também tinha a certeza de que ela era a melhor coisa de sua vida. Não conseguia pensar em nada mais perfeito. E quando chegaram ao quarto dela e ele a deitou na cama, apenas se olharam. Ambos sentiam que tudo fazia sentido e tinham vontade de ligar para cada pessoa que havia passado em suas vidas e apenas agradecer por não terem ficado.

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