Roteiro Redondo
Muitas pessoas me procuram querendo dicas de viagens ou até mesmo que eu as ajude a fazer seus roteiros. É uma grande responsabilidade, eu sei. Mas faço isso sempre como se estivesse programando uma viagem minha. Ou seja, sempre darei o meu melhor para satisfazer meus amigos ou quem quer que seja, pois viajar é para todos.
Existem alguns tipos de viagem que as pessoas querem conhecer muitos lugares de uma vez só. Por exemplo, dificilmente uma pessoa que viaja para a Europa ou para a Ásia, fica em uma só país. Claro, temos que aproveitar o tempo que gastamos para chegar lá e o preço da passagem aérea, para extrair o melhor da região.
Mas se o roteiro não for bem planejado, tudo pode ir para o espaço e a viagem perfeita, pode se transformar em dor de cabeça e dinheiro jogado fora.
Pensando nisso, criei uma forma de fazer roteiros e dei o nome de “Roteiro redondo”. Mas, o que seria um roteiro redondo?
Não imagine pessoas viajando em círculos, ou qualquer coisa do tipo. Bom, em alguns casos, se a pessoa chegar e sair pelo mesmo país, pode-se dizer que sim, é uma viagem em círculos, mas para por aí.
O intuito desse método é otimizar o tempo de viagem das pessoas e aproveitar ao máximo cada segundo da viagem. Além de me basear nas cidades e países, também penso na forma de como a pessoa chegará ao local, como fazer a ligação entre um destino e outro.
É bem simples na verdade, mas muitas pessoas (para não dizer a maioria) não conseguem enxergar como fazer. É aí que eu entro.
Imagine a cena “Oi Talita, meu marido e eu queremos ir para a Europa, queremos conhecer Paris, Londres, Barcelona, Amsterdam e Roma. Como podemos fazer?”
Bom, primeiro é necessário analisar o tempo estimado de viagem, para saber se é mesmo possível visitar todas essas cidades em uma viagem só. Às vezes, aconselho a pessoa a escolher outros destinos, para evitar o trabalho demasiado de deslocamento entre as cidades (querendo ou não, cansa bastante visitar muitos lugares em uma viagem só). Mas vamos supor que essa minha amiga quer mesmo conhecer essas 5 cidades e não abre mão, seu tempo de viagem está ok então só falta fazer a ligação.
O primeiro passo é definir por onde é melhor para ela fazer a entrada no continente. Neste caso em específico, eu a aconselharia a fazer a entrada por Londres. Por quê? Porque Londres está bem fora do caminho dos outros lugares e tem uma saída grande tanto de trens quanto de aviões para qualquer lugar da Europa.
O segundo lugar que eu rabiscaria no roteiro dessa minha amiga, seria Amsterdam. Existem trens que passam por baixo da água em alta velocidade e chegam ao centro de Amsterdam numa média de 2 horas. Ela e o marido viveriam a experiência de passar por projeto de engenharia moderna reconhecido no mundo todo e estariam ganhando tempo chegando em Amsterdam pelo centro. Jamais eu falaria para ela fazer esse trajeto de avião, pois não vale a pena, é perder tempo se deslocando aos aeroportos, o tempo que é necessário chegar antes e tudo mais. Besteira. Neste caso, o trem é perfeito.
O terceiro lugar, com certeza seria Paris e novamente de trem. O trajeto passa por toda a Bélgica (ela pode fazer uma parada para conhecer Bruxelas ou Bruges se quiser) e chega em Paris num percurso de aproximadamente 4 horas. Novamente, os passageiros são deixados no centro da cidade, onde estão todas as estações principais.
Depois eu falaria para minha amiga ir para Barcelona. E novamente de trem. As paisagens são maravilhosas e a viagem de Paris para Barcelona tem a duração de aproximadamente 6 horas e meia. Mesmo sendo uma viagem, ainda não vale a pena fazer o percurso de avião, por todos aqueles motivos que falei ali em cima. No final da conta, você acaba perdendo algumas horas e de avião você não consegue ver o que se passa pela janelinha da trem.
E finalmente, para concluir o roteiro, eu falaria para ela ir para Roma de avião. Nesse caso, vale a pena pois a viagem é curta. Para ir de trem de Barcelona para Roma, não é impossível, mas ela teria que fazer muitas trocas, voltar para a França, cruzar a Suíça e então descer pelo norte da Itália até chegar em Roma. Não vale a pena nesse caso. Portanto, eu diria para ela fazer essa última escala, chegando em Roma de avião.
Notaram a fluidez do roteiro? Ela não está dando voltas em círculos, mas seu tempo de viagem foi otimizado e ela com certeza aproveitará muito mais o que se fizesse algo como Amsterdam, Roma, Paris, Londres e Barcelona. Não tem sentido. Um roteiro precisa ter fluidez na hora de ser fechado, senão é bomba na certa.
O roteiro redondo pode e deve ser utilizado sempre que o viajante pretende visitar mais de um lugar. Mesmo que seja numa mesma cidade e você quer conhecer todos os bairros, bares e restaurante do local, utilize esse método.
Em uma de minhas últimas viagens para Buenos Aires e eu tinha muitos lugares para visitar, estava recolhendo informações para escrever um guia sobre a cidade. Apliquei o método do roteiro redondo no mapa e consegui visitar tudo o que precisava, dividindo sempre por bairros, zonas e rabiscando todos os lugares, sabendo quais eram próximos do último lugar que eu estivesse. Funcionou perfeitamente. Não ia adiantar nada eu querer conhecer o Caminito e San Isidro, tudo num mesmo dia. Não tem sentido fazer uma coisa dessas. Pena que nem todo mundo consegue entender.
Enfim, espero ter ajudado vocês com essa dica. Para mim, é uma das coisas mais importantes em uma viagem.
Se não conseguirem aplicar, estou à disposição para ajudá-los no que estiver ao meu alcance. Meu e-mail está disponível e eu adoraria fazer parte da viagem de cada um de vocês. Não hesitem em me procurar.
Um beijo enorme.