Passeite. A taberna e os azeites, em Coimbra
Bom, todo mundo sabe que Portugal tem alguns dos melhores azeites do mundo, certo?! Seguindo esse raciocínio, penso que tudo feito de maneira mais artesanal é muito melhor do que aqueles produtos feitos em larga escala. Aposto que você também acha isso, então hoje quero contar a vocês sobre uma experiência maravilhosa que tive em Coimbra, no coração de Portugal. Fui conhecer uma Taberna do Azeite chamada Passeite e me encantei, com o lugar e com a proposta deles. Vou contar tudo a vocês!
Primeiro, quero falar sobre o local onde o Passeite está instalado. Restaurante pequeno, com pouco mais de 8 mesas, um balcão para servir bebidas e outras coisas, não funcionam só com reserva, mas como existem poucas mesas, é sempre bom reservar antes (enquanto eu estava lá, pude ver a quantidade de pessoas que entraram e não conseguiram uma mesa). Existe um cheiro fresco e delicioso de azeite no ar. Depois descobri que tudo (absolutamente TUDO) no cardápio, leva ou pode levar azeite (mas normalmente, leva).
O restaurante tem poucos meses de existência e já deixa sua marca na gastronomia portuguesa da cidade de Coimbra. Eles produzem o azeite deles (que se chama Passeite), mas também usam outros azeites na hora de cozinhar ou trazer à mesa. A verdade é que eles são apaixonados por azeite, seja ele qual for. E eles sabem que o azeite é como o vinho. Existem diversos tipos de oliveiras, formas de colheita, jeitos de serem preparados e cada um tem sua característica particular. Um bom azeite tem personalidade marcante, seja ela mais forte ou mais leve. O pessoal do Passeite sabe muito bem disso.
Comecei a entrar no maravilhoso mundo dos azeites quando Marije (uma holandesa linda e querida que me recebeu com muito carinho lá) trouxe uma degustação de azeites para que eu pudesse provar. Junto com 4 tipos diferentes de azeites, ela também me entregou um folheto que explica tudo sobre como degustar azeites. Novamente, é igual ao vinho. Só que com olivas (hehehehe). Temos que analisar as cores, aromas, sabores e a textura dele em nossa boca. É demais quando você começa a prestar atenção no que está comendo e identifica tudo. Eu adoro brincar de descobrir aromar e sabores. A degustação foi feita do mais leve ao mais forte e deu para sentir na boca essa evolução, onde o último azeite era o mais robusto mesmo.
Então, ela trouxe alguns pãezinhos, vinho branco para descer tudo e começamos a comer. Deixei que ela pedisse o que queria que eu conhecesse. Não me arrependi. Foi demais. Começamos com uma sopa de olivas. Simples assim. Parecia que eu estava comendo azeitonas cremosas de colher. Maravilhoso. Era uma sopa leve, com muito sabor e tinha, obviamente, aquele toque especial de azeite.
Depois seguimos para uma linha de tapas. Eles possuem mais petiscos do que pratos, então são aquelas porções para se compartilhar que eu disse a vocês em alguns textos anteriores. Eu gosto muito dessa história de petiscos para comer com outras pessoas. Português adora conversar e nada melhor do que fazer isso regado a um belo vinho e muita comida boa. Depois da sopa, ela trouxa um dos pratos mais típicos de Portugal, só que brasileiro não tem maturidade para lidar com o nome desse prato (diferenças ortográficas sempre me fazem rir). Punheta de bacalhau. Que é tipo o nosso vinagrete, só que com bacalhau. Tem cebola, folhas verdes, rabanete, vinagre e muito azeite. Uma delícia!
Depois dessas duas entradas, pulamos para os petiscos. Ela achou melhor pedirmos vários petiscos para eu ter muitas coisas para provar, do que um só prato. E assim foi bem melhor mesmo. Começamos os petiscos com um prato vegano, que são vegetais da época (então tudo muda conforme a sazionalidade) salteados com azeite. Tinha pimentão, cenoura, abobrinha e couve flor. Estava uma delícia e para começar, foi fantástico. Depois ela trouxe um prato chamado Presa de Porco Ibérico Grelhado. Nada mais é do que filés pequenos de porco com um molho de olivas para acompanhar (hummm). Estava delicioso esse prato também. Adorei!
A esse ponto eu já estava bem satisfeita com tudo que já havia comido, mas ainda faltava provar um prato e depois, a sobremesa. Respirei fundo, quase abri o zíper da calça (hahahaha) e encarei. Foi a melhor coisa que poderia ter feito. O prato que encerramos a parte dos petiscos foi um chamado Migas, que também é vegetariano. Ele leva feijão branco, broa moída e uma verdura da época. Estava maravilhoso. A combinação do feijão com a verdura e aquela broa tipo uma farofinha, estava demais. Na verdade, nem sei ao certo dizer qual dos pratos foi aquele que eu mais gostei (hehehehe). A briga seria bem acirrada.
Aí, como se tudo isso não fosse o bastante, Marije queria que eu provasse uma sobremesa. Óbvio. Bom, como a sobremesa vai para o coração e não para o estômago, aceitei. E provei uma sobremesa totalmente inusitada que todos os restaurantes do mundo deveriam fazer e servir no cardápio. Carpaccio de abacaxi com pimenta rosa e azeite por cima. As frutas mudam conforme a estação, mas o esquema é sempre ser uma fruta ácida, cortada bem fina. A pimenta ajuda a realçar os sabores e aguçar nos sentidos, finalizando com o azeite que por ser amargo, acaba por completar a sinfonia em nossa boca. O abacaxi estava bem doce, bem maduro. Então fica a dica para quem quiser provar algo diferente. Eu amei e já tenho um abacaxi aqui em casa que estou deixando ficar maduro para tentar fazer isso pro Ale (hehehe).
Minha experiência no Passeite foi inesquecível. Gostei bastante de tudo. Mas gostei muito mais de ver, sentir e degustar a paixão que eles possuem pelo azeite e por toda a história do produto. Isso me faz acreditar ainda mais que, quando trabalhamos com amor, no final não é trabalho. E isso eu senti em todos lá no Passeite. Essa paixão, esse amor. Eles colocam isso tudo em cada garrafa de azeite que produzem e em cada marca que pegam para entender e provar. É claro que trouxe uma garrafinha do azeite deles para casa e já adianto, é um dos melhores que já provei. Adorei conhecer o Passeite. Tenho certeza de que você também irá adorar.
Passeite Taberna do Azeite
Rua Sota, 44. Coimbra. Portugal.