O que vai ser do turismo após a pandemia de Covid-19?

Pois é. Muita gente tem me escrito e perguntado sobre o que eu acredito que vai acontecer no pós pandemia, quando o assunto é turismo. A verdade é que ninguém sabe. Se alguém disser que isso ou aquilo vai acontecer, estará mentindo, pois não tem como dar certeza de alguma coisa nessa altura do campeonato. Não sabemos se as coisas voltarão a ser como eram antes, não sabemos se tudo vai ser completamente diferente. Não sabemos de nada. Mas uma das poucas coisas que sabemos e podemos afirmar, é que o setor de turismo e todos os seus colaboradores, são os mais afetados nessa crise mundial. E não falo somente de Brasil, falo do mundo todo.

Algumas previsões podemos até fazer, mas como disse lá em cima, nada é certo ou preciso. Tudo são suposições. Podemos prever uma queda no fluxo de viagens internacionais e um aumento nas viagens nacionais. Ou seja, as pessoas, independente de seus países, vão preferir fazer viagens para locais dentro de seu próprio país. De preferência, dentro de seu próprio carro. Existe uma tendência que vai provocar a redução das pessoas que estarão voando, com exceção dos casos de necessidade. Mas talvez as pessoas prefiram passar horas e mais horas dentro de seus carros, do que viajar algumas horas dentro de um avião, sem saber como foi feita a higiene do local e sem saber quem são as pessoas que estão ao seu lado.

Aqui entramos em outras questões. Algumas companhias aéreas (como a Air France e KLM), já determinaram que o uso de máscaras será obrigatório dentro de seus voos. No nosso caso, de um voo saindo do Brasil com destino a Europa, podemos passar mais de 11 horas dentro de um voo. Aí, ou usamos aquelas máscaras que duram uma semana, ou levamos várias para o caso de ela ficar úmida e precisarmos trocar. Essa é uma questão que as pessoas esquecem, pois elas acham que as máscaras são eternas. Outra questão, é que todo mundo deve levar consigo lenços antisépticos ou álcool em gel, para higienização extra (considerando que a equipe já tenha feito a higiene adequada do avião) do banco e do local onde você vai ficar. Evitar tocar os olhos, coçar nariz, etc. Tudo que a gente já sabe, mas não custa relembrar.

Outra coisa que podemos prever é que os hotéis irão reduzir os valores para dar conta da competição pela demanda reduzida. E também, as pessoas irão preferir se hospedar em um hotel que elas já conhecem e gostaram, do que arriscar algo novo, que elas não conhecem como são os costumes e os esquemas de limpeza. Pra falar a verdade, acredito que tudo vai girar em torno de higiene e limpeza dos locais, principalmente. As pessoas irão se preocupar com isso. E também, irão preferir aqueles hotéis menores, com um fluxo menor de hóspedes. Tudo isso para não correr risco de encontrar 150 pessoas na fila do café da manhã.

Aliás, isso é outra coisa que as pessoas precisarão se adaptar. O café da manhã. Geralmente, funciona em esquema de buffet, com a gente indo até o balcão para pegar o que quisermos e nos servir, voltando para a mesa para comer. Acredito que, ou as pessoas limpam as mãos ao chegar no local de comer, antes de encostar em alguma coisa, ou os hotéis terão que fazer o esquema em que se pede as coisas para comer, com um cardápio ou algo assim. Pode ser uma boa ideia, o que iria reduzir o risco de contaminação e talvez até reduza o desperdício com comidas que não foram consumidas. Mas, será um trabalho a mais para o pessoal da cozinha, para os garçons. Geralmente, os hotéis não possuem garçons para fazer esse tipo de trabalho, apenas para recolher os pratos e talheres, mas olha aí, é uma nova função que dar trabalho para as pessoas.

Sobre quando iremos poder voltar a viajar sem medo, sem preocupações e pensando apenas em descansar e curtir o lugar (que é o intuito de todas as viagens que fazemos, mesmo que seja a trabalho), é tudo muito incerto. Não temos como adivinhar, até porque, cada país tem adotado sua própria política de combate (ou não) à pandemia. Os estudos mostram que o pico da doença já passou na maior parte do mundo e que até junho, as coisas começarão a se normalizar. Dizem que em agosto, tudo vai estar mais estabilizado no mundo todo e que os casos já serão bem mais reduzidos, quase 99%. Mas são estudos e a gente sabe que na prática, tudo pode ser diferente. Então, não temos como saber quando as fronteiras irão se abrir novamente. A Argentina já disse que até setembro, ninguém entra e ninguém sai (sem que seja totalmente necessidade). Por isso, temos que esperar para voltar a planejar nossas viagens, especialmente as internacionais.

Com relação às empresas que trabalham com turismo, o cenário que vemos é mais triste. As pequenas empresas, estão segurando as pontas como podem. As grandes, estão usando suas ferramentas como podem, mas elas possuem mais caixa (ou pelo menos deveriam ter). Algumas companhias, estão vendendo voos que não existem e depois cancelando. Só que nessa situação, você pode remarcar ou pedir para eles devolverem o dinheiro, o que pode acontecer em até um ano. Sacanagem, pois eles ficam com nosso dinheiro e deixam rendendo, para nos devolver sem correção depois. Enfim, muitas coisas acontecendo e nesse país, a gente não consegue levar nada a sério, não conseguimos tentar fazer algo certo, pois o errado vem de exemplos de pessoas que deveriam ser boas com a população. Mas não quero entrar nessa questão política.

O fato é que a gente não sabe o que vai acontecer. Temos que esperar. Mas posso falar sobre a minha verdade. Já estou surtando em casa, morrendo de vontade de viajar, de sair do país e explorar as viagens que eu tinha organizado. Tá difícil segurar essa barra. Mas sei que tem muita gente pior, em situações piores, por isso temos que agradecer. Quanto ao turismo, temos que esperar para ver o que acontece. Mas acredito que aos poucos, o fluxo volta e as pessoas voltarão a viajar sim. Vamos torcer para que tudo se normalize o quanto antes.

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