O pico mais alto da Europa. Monte Elbrus, na Rússia
Outro dia eu escrevi aqui sobre uma montanha na Suíça chamada Eiger. Várias pessoas gostaram do tema, muitos por praticarem os esportes em questão (montanhismo e alpinismo) e outros por curiosidade mesmo. A verdade é que coisas mortais despertam nossos sentidos e sempre queremos saber mais. E por isso, quero contar hoje sobre outra montanha europeia, chamada Elbrus, mas essa fica na Rússia.
O Elbrus é a montanha mais alta de todo o continente europeu, na Rússia. Fazendo parte do seleto grupo chamado Sete Cumes (ou Sete Picos), que agrupa as montanhas mais altas de cada um dos 7 continentes. O desafio de escalar todas essas 7 montanhas se tornou algo que muitos escaladores colocam como meta. Eis a lista dos 7.
. Puncak Jaya, com 4.884 metros de altitude é o ponto mais alto da Oceania, localizado na Austrália.
. Maciço Vinson, com 4.897 metros de altitude é o ponto mais alto da Antártida, localizado no extremo sul do continente.
. Monte Elbrus, com 5.642 metros de altitude é o ponto mais alto da Europa, localizado na Rússia.
. Monte Kilimanjaro, com 5.992 metros de altitude é o ponto mais alto da África, localizado na Tanzânia.
. Monte McKinley, com 6.194 metros de altitude é o ponto mais alto da América do Norte, localizado no Alasca.
. Aconcágua, com 6.961 metros de altitude é o ponto mais alto da América do Sul, localizado na Argentina.
. Monte Everest, com 8.848 metros de altitude é o ponto mais alto da Ásia e do mundo, localizado na fronteira entre o Nepal e o China, na cordilheira do Himalaia.
Agora com as devidas apresentações feitas, devo dizer que em breve todas essas montanhas estarão aqui, muito bem explicadas, mas hoje quero falar somente sobre o Elbrus.
O Elbrus fica na Cordilheira principal do Grande Cáucaso e seu pico com neves eternas alimenta 22 geleiras que por sua vez, dão origem aos rios Baksan, Kuban e Malka. A beleza natural da região é marcante, com a montanha e seus mais de mil quilômetros de terras praticamente inexploradas.
Sua ascensão é perigosa e complicada, porém não é impossível. Sempre arrumam um jeito de escalar as montanhas por aí e com o Elbrus não seria diferente. Muita gente sente dificuldade em escalar o Elbrus, porque durante o percurso existe um teleférico com um grande desnível, o que pode dificultar a adaptação à altitude. E essa adaptação feita da maneira correta é um dos segredos para o sucesso de qualquer escalada em grande altitude. Então o correto é subir caminhando, pois assim dá tempo para o corpo criar hemoglobina suficiente.
Além da altitude e as dificuldades de adaptação, também é preciso estar preparado, pois as temperaturas na região do Elbrus podem chegar a 20 graus negativos. Portanto, levar o equipamento certo é essencial. E como escalar essa montanha? Essa é uma pergunta que fiz a uma pessoa que fez essa proeza.
Amauri Coutinho é o criador e diretor da agência de viagens de aventura chamada Latitude 51. Ele começou a escalar quando era cadete da Academia Militar das Agulhas Negras, em 1982, onde tinha um estágio no maciço de Itatiaia. Depois disso, ele passou a escalar sempre que dava, incluindo trilhas como Tijuca, Baú da Urca, Pão de Açúcar, etc. Mesmo quando estava no exército, já guiava, mas profissionalmente, começou em 2012, quando estava indo ao Cabo Horn.
Hoje, Amauri tem um currículo extenso em grandes montanhas. Já escalou picos como os Pirineus, Ojos del Salado e o Aconcágua que citei lá em cima, com quase 7 mil metros. Mas o que quero dizer, é que o Amauri escalou o Monte Elbrus, que é o protagonista desse texto. Ele me contou como foi a experiência.
Ele relatou que o Elbrus foi a primeira grande montanha de gelo que ele escalou. O que eleva a complexidade, pois estava acostumado com outros tipos de montanhas. Alguns cuidados são essenciais e detalhes precisam ser pensados antes de se aventurar numa montanha assim. Os maiores desafios, segundo ele, foram a dificuldade de obter água, transporte de alimentos para grandes altitudes, desgaste físico e aclimatação.
Lá na Rússia, Amauri e sua equipe enfrentaram outro desafio. O idioma. Como todo mundo sabe, o idioma russo é super difícil e poucos se preocupam em falar outras línguas. Além disso, era preciso faz a aclimatação com calma, não adianta querer acelerar o processo de seu corpo, isso nunca será uma boa ideia. Fixar bem a barraca em um lugar seguro (longe de qualquer chance de avalanches é importante), manter o corpo aquecido etc. Todos detalhes primordiais para o sucesso da escalada.
Amauri disse também que a nível técnico, o Elbrus realmente não é muito alto, mas o desconforto existe e não podemos ignorar os sinais que nosso corpo dá. Um dos integrantes de seu grupo não aclimatou bem e no dia em que eles atacaram o cume, ele teve muita dificuldade. Além disso, no dia anterior, eles presenciaram um whiteout (uma tempestade de neve deixou tudo branco) e eles se desorientaram por algum tempo, pois até o GPS deu problema devido a temperatura baixa. “Você não distingue o céu do chão, foi uma sensação terrível”, disse Amauri.
Na descida, o integrante que estava com problemas ficou ainda pior. Apagava o tempo todo e o resto do grupo o ajudou. Mas no final deu tudo certo e quando tudo acabou, eles dormiram 24h seguidas. Essa foi a primeira grande montanha que ele estruturou a excursão e foram totalmente independentes. Essa sensação de autonomia, junto com as paisagens maravilhosas, fizeram com que essa viagem se tornasse inesquecível.
E Amauri não para. Ele tem planos para realmente escalar os 7 Cumes e já dei uma olhada na agenda de viagens desse ano. Vai rolar até Mont Blanc. Então, fica a dica para quem quiser se aventurar. Uma empresa séria e que com certeza, vai cuidar dos detalhes que você nem imagina. A equipe do Latitude 51 com certeza vai tornar seu desejo de viagem em algo realizado.
Quanto ao Elbrus, devo dizer que escalar essa montanha, ver de perto o visual e sentir todo o perigo que ele pode trazer à vida de quem se aventura por lá, é algo inexplicável. Sentir a montanha e toda sua grandiosidade, deve ser algo inesquecível. Por isso tantas pessoas se arriscam nessas trilhas e escaladas. A adrenalina misturada com medo e admiração, com toda certeza, vicia. Confesso que estou doida para sentir essa sensação. =)
Latitude 51
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