Capítulo 8

– Mamãe! Me desculpe pelo atraso! Eu passei rápido numa loja ali na Piccadilly. Precisava comprar umas roupas. – Claire estava com duas sacolas na mão, de uma loja onde só vendia roupas de homem. Jane ergueu as sobrancelhas e não entendeu.

– Roupas de homem? – Perguntou para Claire, enquanto ela abria a porta de seu apartamento.

– Presentes para uma pessoa. – Claire não queria explicar para quem iria dar aquelas roupas. Eram presentes para Alex. Depois que havia comprado um sapato, duas calças jeans, três camisetas, uma camisa, cuecas e meias, ela se perguntava o porquê que estava fazendo aquilo. Tentou entender e chegou à conclusão que queria muito ajudar aquele homem. Queria ajudar em todas as maneiras. Sentiu uma pontada de paixão dentro do peito, mas simplesmente ignorou e achou que poderia estar louca.

– Tudo bem. Eu trouxe uma garrafa de vinho! A Tiffany vem?

– Vem, ela me ligou agora a pouco e disse que estava vindo para cá. Logo mais ela estará aqui também. – Claire colocou a sacola em cima do sofá e foi com a mãe para a cozinha.

– Que bom. Estou com saudades dela! – Disse Jane, sorrindo. – Filha, seu apartamento ficou lindo. Incrível como você consegue misturar diversos estilos e criar algo único e maravilhoso.

– É… – Claire olhou à sua volta e sorriu. – Gostei muito também. Agora vou cuidar do meu jardim. Não mexi lá em cima ainda.

– Bom, estamos em setembro. Entrando no outono. Não sei se você vai conseguir fazer muita coisa. O frio está cada ano mais forte. As pobres plantinhas não suportam.

– Eu sei. Por isso estou pensando. Mas acho que vou mexer mesmo assim. Comprei uma mesinha de madeira envelhecida e alguns vasos com aparência de velhos também. Vai ficar lindo! – Claire sorria. Escutou seu interfone tocar. – Deve ser a Tiffany. – Ela atende e fica branca. – É… Oi papai. – Mãe e filha se olham. – É… Tudo bem. Vou abrir a porta. – Claire desliga o interfone. – Meu Deus! Mamãe! Não podia mandá-lo embora. – Claire se desesperou e Jane bateu as mãos na mesa.

– Tudo bem. – Jane respirou fundo. – Onde você guarda o veneno para ratos?

– Pare com isso, mamãe! Comporte-se! Por mim! – Claire foi até a porta e balançou a cabeça sorrindo. Sempre que pai e mãe se encontravam, era um show hilário de ofensas e acusações. Ainda bem que Tiffany estaria junto e talvez eles pudessem pegar leve aquele dia.

Ela abriu a porta e viu o pai terminando de subir as escadas, de braços dados com Tiffany, que por sua vez, estava com cara de desesperada. Ela sabia o que estava aguardando para aquele almoço. Claire e seu pai se abraçaram e ele entrou, dando de cara com Jane. Tif e Claire se abraçaram.

– Esqueci de trazer capacetes de segurança e luvas de boxe. – Disse Tif, baixinho no ouvido de Claire, que caiu na gargalhada.

– Não esquenta, eu tenho frigideiras. Eles podem se bater com elas e nós nos protegemos atrás do sofá ou na varanda. Fica tranquila.

– Me sinto bem melhor agora! – Tif sorriu e ergueu a mão que estava segurando uma garrafa de vinho. – Precisamos manter isso bem longe deles. – Claire sorriu e fechou a porta. Lembrou das sacolas que havia deixado em cima do sofá e as pegou.

– Mamãe, me dê um segundo que eu já volto. Papai, pode abrir uma garrafa de vinho? A que está na geladeira já está na temperatura certa. Minha adega ainda não chegou. Só semana que vem. – Jane estava com a cara fechada e muito séria. Steve a olhou e pegou a garrafa de vinho da geladeira. O clima estava tenso.

– Pode deixar que eu abro, Sr. Steve. – Tif se apressou para desarmá-lo.

Claire abriu a porta de seu quarto e colocou as sacolas em cima de sua cama. Respirou fundo. Estava se sentindo bem pensando o quanto iria ajudar aquele homem. Ela mexeu nas sacolas, tirou as peças e ficou olhando, tentando imaginar como ele ficaria vestido naquelas roupas.

Seus pensamentos voaram para longe e ela percebeu que não sabia nada da vida dele. Não sabia onde ele passava as noites, se tinha um cobertor, se tinha um prato de comida todos os dias para comer. Ele havia dito que não tinha ninguém na vida, então o que poderia ter acontecido com sua família. Ele não tinha pais? E a pergunta que Claire mais pensava era: por que ele foi parar nas ruas?

Ela estava perdida, sem saber o que pensar e o que sentir. Mas tinha uma certeza pulsando dentro dela. A certeza de que não iria desistir enquanto não tentasse fazer alguma coisa para trabalhar com o talento que ele tinha. Como se aquilo tivesse virado uma questão de honra para ela.

– Oh meu Deus! – Disse Tiffany, parada na porta do quarto de Claire, que se assustou e deu um pulo, olhando para trás, como se tivesse acabado de ser flagrada cometendo um crime. – Isso são roupas masculinas? – Tiffany se aproximou e Claire mordeu os lábios, olhando para a amiga sem dizer nada. – Não acredito que você comprou roupas para aquele cara!

– Eu precisava fazer isso, Tif. Quero ajudá-lo. Hoje fui atrás dele e ainda bem que eu fui. Ele tinha perdido meu cartão.

– Será que perdeu mesmo? – Tif ergueu apenas uma sobrancelha, fazendo com que Claire ficasse na dúvida.

– Não sei. Ele me garantiu que vai me ligar na semana que vem. Seja para dar uma resposta positiva, ou uma negativa. E se ele não ligar… – Claire sorriu. – Vou atrás dele de novo.

– Oh meu Deus! Seus olhos estão brilhando, Claire Thompson! Brilhando como diamantes! – Tif quase gritou, dando risada.

– Cale a boca. Você não o conheceu. Se tivesse conhecido, estaria pensando a mesma coisa. Ele é extraordinário, amiga. Hoje ele cantou uma música, só para mim. Você não está entendendo o que é aquele homem cantando e tocando violão.

– Ele cheira mal? Ele toma banho? – Tif deu risada e Claire rolou os olhos.

– Cale a boca! Ele é mais limpo que você, pode ter certeza. – Disse Claire, empurrando de leve a amiga que ainda ria. Tif olhou novamente para as roupas e de volta para a amiga.

– Bom, você sabe que estarei sempre ao seu lado. Vou torcer para que tudo isso dê certo então.

Elas escutaram um barulho de vidro quebrando e as duas se lembraram que deixaram Jane e Steve sozinhos, na cozinha. Arregalaram os olhos e correram para lá. Ao chegar encontraram os dois rindo sem parar, uma tigela de molho quebrada no chão e eles estavam perto demais. Claire cerrou os olhos, tentando entender a cena.

– Está tudo bem, pessoal? – Claire perguntou, receiosa.

– Tudo bem, esse seu pai que é um desastrado e não sabe nem segurar uma tigela de molho. – Disse Jane, com lágrimas nos olhos de tanto rir.

– Eu vou limpar tudo, filha. Pode deixar. Onde estão os panos? – Perguntou Steve, se abaixando no chão tentando recolher os cacos de vidro entre o molho espalhado pelo chão. Jane se abaixou também. Os dois se olharam e voltaram a dar risada. Claire percebeu que estava perdendo alguma piada interna dos dois.

– Acho melhor nós sairmos para comer fora, o que acham? Eu pago. – Disse Claire, ainda confusa com toda a situação e tentando entender o envolvimento dos pais.

– Eu topo! – Disse Tiffany, levantando a mão. Os pais de Claire nem perceberam o que ela havia acabado de falar. Claire cerrou os olhos novamente e se aproximou dos dois, bateu a mão na madeira do balcão, provocando um barulho enorme e eles dois se assustaram, estavam sussurrando palavras um para o outro.

– Vamos almoçar fora, pessoal! – Claire levantou as mãos, esperando por uma resposta.

– Vamos! Passei a manhã toda preparando os ingredientes para esse molho. Está tudo cheio de vidro agora. Decepcionante. – Jane se levantou, deixando Steve no chão limpando. – Fique aí limpando tudo, bem limpinho, Steve. Ele passou o dedo cheio de molho na perna desnuda de Jane, que deu um pulo e um tapa na cabeça dele, ambos rindo. Jane olhou para a filha, que estava sem entender nada. – Para onde vamos? – Claire respirou fundo e sorriu.

– Para qualquer lugar!

Depois de limpar toda a bagunça da cozinha, os quatro desceram os andares do prédio de Claire, com destino ao carro de Jane. Ao sairem todos pela porta do prédio, Claire olha para o outro lado da rua e vê Alex, caminhando de cabeça baixa e com a caixa de seu violão pendurada nas costas. Ela paralisa no mesmo momento e seu coração quase pula pela boca. Ela tem poucos segundos para decidir o que fazer. Não sabe se o chama, se o deixa continuar caminhando ou se corre atrás dele. Mas se lembra das roupas que acabou de comprar para ele. Era um ótimo pretexto para chamá-lo.

– ALEX! – Ela grita e ele olha na direção dela. Quando percebe quem é, ele sorri e para de caminhar. Tiffany, que estava quase chegando no carro de Jane, para e olha para o rapaz atravessando a rua e fica de boca aberta. A amiga tem razão em ficar balançada por ele. Jane e Steve estavam conversando tão animadamente, que nem repararam que a filha ficou parada na porta de casa.

– Você está me perseguindo mesmo, hein? – Ele disse, sorrindo para ela, com as mãos no bolso da sua calça jeans surrada.

– Bom, agora você está passando na frente do meu prédio. Quem está me perseguindo é você. – Ela sorriu e deu de ombros. Ele levantou os olhos e analisou o prédio.

– É, não poderia imaginar você morando em outro lugar de Londres, que não fosse o bairro Chelsea. – Ele voltou a olhar para ela.

– Tem um minuto? Eu quero te mostrar uma coisa. – Ela apontou para dentro da porta de entrada de seu prédio. Ele novamente ficou na dúvida, sem saber se poderia mesmo confiar nela. – Juro, é muito rápido. Estou saindo para almoçar com meus pais, também não posso demorar. – Alex olhou para eles e viu Tiffany parada, olhando para os dois ainda de boca aberta.

– Tudo bem. Tenho um minuto para você. – Ele disse, sorrindo. Ela pulou e tentou disfarçar a alegria evidente que estava sentindo.

– Fala para eles que eu já vou. Alguns minutos. É rápido. – Claire disse para Tiffany, que apenas assentiu e foi para o encontro dos pais de Claire, enquanto eles subiam as escadas para o apartamento.

– Onde você mora aqui em Londres, Alex? – Claire perguntou, olhando para ele que estava subindo as escadas ao lado dela.

– Eu moro num albergue. Na verdade, preciso ficar me mudando de tempos em tempos. Eles não nos aceitam por muito tempo. – Ele disse, com a maior simplicidade na voz. Claire sentiu seu coração se apertar.

– E faz muito tempo que está na rua?

– Quase 3 anos.

– 3 anos? – Ela se espantou. – 3 anos cantando para viver pelas ruas de Londres?

– Mais ou menos. É uma longa história, acho que você não tem tempo para ouví-la agora. – Ele deu risada.

– Talvez não. Mas quero ouvir quando quiser me contar. – Eles chegam na porta e ela tira a chave do bolso.

– O que precisa me mostrar? – Ele pergunta com curiosidade e ela sorri.

– Quero te dar um presente. – Ela sorri ainda mais e entra no apartamento, ele não entra. – Por favor, Alex. Entre! – Ele reluta por mais alguns segundos, mas tira a caixa do seu violão e deixa encostada na parede do lado de fora, limpa os pés e entra, olhando à sua volta. Claire fecha a porta e pula ao lado dele. – Pode se sentar ali. Vou buscar.

Ela sai caminhando e pulando em direção ao seu quarto enquanto ele, ainda com as mãos no bolso, se senta na ponta do sofá dela. Não queria sujar com suas roupas sujas, o sofá novo e branco dela. Pensou que talvez fosse um erro estar ali. Mas tinha certeza que era um erro maior, se sentir atraído por aquela mulher tão linda e tão doce. Ele estava prestes a se levantar e ir embora, quando ela apareceu com duas sacolas na mão, sorrindo. O sorriso mais suave que ele havia visto na vida.

– Comprei para você hoje. Espero que sirvam. – Ela esticou a mão e entregou a ele as sacolas.

Ele não sabia como reagir. Mordeu os lábios e pensou em recusar. Absolutamente não era a intenção dela, fazê-lo se sentir humilhado. Ela queria apenas ajudar. Ele respirou fundo e sorriu, pegando as sacolas da mão dela. Ela se ajoelhou no tapete, na frente dele. Ansiosa para saber o que ele iria achar das roupas novas que ela havia comprado para ele. Antes de abrir a primeira sacola, ele coça a cabeça.

– Nem sei o que te dizer, Claire. Acho que não mereço essa ajuda que está me dando.

– Pare de dizer que não merece isso ou aquilo. Eu quis comprar para você, como um modo de animá-lo à marcar a entrevista na gravadora para a semana que vem. – Ela abriu seu melhor e maior sorriso. Ele sentiu vontade de abraçá-la bem apertado.

– Obrigado. De coração. – Ele sentiu seus olhos ficarem úmidos de emoção. Mas respirou fundo novamente e abriu as sacolas. Sorriu muito ao ver todas as roupas que ela havia comprado para ele. Eram todas lindas. – O mais interessante é que você acertou na numeração. – Ele deu risada e ela, que mordia o dedo de ansiedade para saber o que ele estava achando, sorriu junto.

– Que bom que gostou! Estava morrendo de medo de você jogar tudo isso na minha cara, dizendo que não quer minha ajuda. – Ela respirou aliviada.

– Claro que não. Jamais faria isso com você. – Ele dobrou com cuidado todas as roupas novamente e sorriu ainda mais com as cuecas. – Você pensou em tudo! – Ele levantou uma linda cueca preta que estava no meio e ela corou.

– Achei que… Você precisasse… De tudo. – Ela deu de ombros, tentando disfarçar o embaraço. – Vai que você encontra uma mulher que se interessa por você? Vai precisa estar mais bonito do que já é. – Claire disse isso sem pensar e se arrependeu na hora. Ele sorri e olha para ela, que está mais vermelha que um tomate. – Eu digo… Ahh, Alex! Não me olhe com essa cara, você entendeu! – Ela se levanta e ele dá mais risada. Ele achou lindo o jeito com que ela se enrolou nas próprias frases e se envergonhou por conta disso. Ela vai até a cozinha e pega um copo de água. Olha para ele da porta. – Quer um gole de água?

– Não, obrigado. Estou bem. – Ele terminou de guardar as roupas e se levantou do sofá, ela bebeu longos goles de água e colocou o copo na pia. Foi ao encontro dele que estava parado perto da porta de entrada do apartamento, com as sacolas na mão.

– Fico feliz que tenha gostado. – Ela disse, parada de frente a ele. Percebe que ele é bem mais alto que ela e volta a sentir seu coração acelerando.

– Obrigado. Mais uma vez. Vou continuar pensando, quando me decidir, ligarei na gravadora. – Alex disse, olhando fixamente nos olhos dela. – Nunca ninguém se importou tanto comigo. – Ela sentiu uma pontada de piedade por ele. Era como se, cada vez que o ajudasse em algo, quisesse ajudar com muito mais.

– Não pretendo mudar com você. – Ela balançou a cabeça. – Quero que se sinta especial. Porque seu talento é muito especial.

Ele sorriu. Mas pensou que era apenas naquilo que ela estava interessada. No seu talento. Ele sabia que não deveria pensar em mais nada além daquilo. E ao olhar por todos os cds e discos de vinil que estavam empilhados nas prateleiras da estante de sua sala, ele sabia que referências musicais ela com certeza tinha. Talvez fosse uma boa ideia começar a acreditar no que ela estava tentando mostrar para ele.

– Obrigado mais uma vez, Claire.

– Não precisa agradecer. Eu… – Seu celular começou a tocar em seu bolso e ela rolou os olhos. Atendeu sua mãe, impaciente e faminta. – Eu sei que estão famintos, eu já estou descendo. – Ela desligou o celular e guardou de volta no bolso. Pretendia continuar falando o que queria falar, mas ele colocou a mão na maçaneta da porta, abrindo-a.

– Vamos, não quero te atrasar mais. Achei que fosse almoçar uma comida italiana da sua mãe. – Ele deu risada.

– Esse era o plano. – Ela disse fechando a porta. – Mas meus pais derrubaram toda a tigela do molho no chão… Então… – Ela deu de ombros e eles começaram a descer as escadas.

– Bem que eu senti uma fragrância ácida pelo ar. – Ele deu risada e ela deu um tapinha nas costas dele.

– Cuidado, Alex. Posso te mandar para a guilhotina, se assim preferir. – Ele olhou para ela e eles sorriram. Sorriso sincero um para o outro. Sorriso que fez o coração dos dois bater forte e no mesmo compasso, mesmo que eles não soubessem que isso estava acontecendo.

Ficaram em silêncio até terminarem de descer as escadas e saírem na calçada do prédio. Eles se olharam e Alex olhava com ternura para Claire, que por sua vez, não sabia muito bem o que fazer.

– Quer ir almoçar conosco? – Ela perguntou, com uma certa insegurança, como se já soubesse a resposta dele.

– Obrigado, Claire. Aproveite bastante com seus pais. – Ele sorriu e eles se olharam com intensidade novamente.

– Vou parar de te perseguir. – Ela deu risada e ele olhou para o chão, rindo também. – É sério, pense com carinho e faça o que seu coração mandar. – Eles se olharam novamente e ele assentiu.

– Pode deixar. – Ele se aproximou dela e lhe deu um beijo na bochecha, junto com um abraço apertado, como aquele que ele queria dar à ela minutos atrás. Ela sentiu o calor do corpo dele e fechou os olhos, o abraçando também. Era simplesmente o melhor abraço da vida dos dois. Como se eles tivessem se encaixado perfeitamente. Se perderam no abraço que durou mais que um abraço normal.

Claire ficou totalmente atordoada e não sabia nem o que dizer. Conseguiu apenas sorrir e segurar as mãos dele. Pensava que talvez pudesse estar sentindo algo por aquele homem, algo bem forte. Algo diferente de tudo o que já havia sentido. Respirou fundo, levando ar para seus pulmões e para arejar sua mente.

– Nos vemos. Em breve. – Ela sorriu e ele assentiu novamente. Ela começou a caminhar em direção ao carro e ele foi na direção contrária, segurando as duas sacolas e seu violão nas costas.

Claire estava sem ar, puxava com força, mas não conseguia respirar direito. Tentava entender porque estava se sentindo daquele jeito. Apertava uma mão contra a outra e quase passou reto pelo carro da mãe. Só parou porque escutou a amiga gritando seu nome, obviamente percebendo que ela estava completamente perdida. Ela olhou para eles e depois olhou de volta para Alex, caminhando de cabeça baixa ao longe. Sentiu vontade de correr atrás dele e agarrá-lo para sua vida, para sempre. Se assustou muito ao perceber o que havia acabado de pensar. “Só posso estar ficando louca, louca e obcecada por ele. Eu nem o conheço, nem sei de sua história e nem sei se ele é realmente uma pessoa boa!”

Saiu de seus devaneios quando Tiffany chutou seu banco. Ela e Steve estavam sentados nos bancos de trás do carro e Jane olhou para Claire.

– Claire, não está me escutando? Em qual restaurante você quer ir? – Claire não estava conseguindo raciocinar direito e disse a primeira coisa que lhe veio na cabeça.

– Vamos pro restaurante do Gordon. Preciso da torta de maça dele e também tenho um recado direto para ele.

Então a mãe desligou o carro. Era desnecessário o uso dele.

– Por que não disse logo? Vamos a pé então. – Jane desceu do carro e todos na sequência estavam fora do carro.

Claire não sabia muito bem o que estava fazendo e muito menos o que estava falando. Mas tinha certeza de que estava muito balançada por aquele homem. Muito mesmo! Tão balançada, a ponto de ignorar a ligação de Sam e a mensagem de texto de Brandon.

Confusão havia se tornado seu segundo nome.

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