Capítulo 36

Ao chegar em Londres, ela liga para a amiga que ia buscá-la e em minutos, Tif chega com o carro de Claire, para pegá-la no desembarque do aeroporto de Gatwick. Claire joga a mala no banco de trás e entra no lado do passageiro.

– E aí, amiga? Como foi a viagem? Encontrou com o Klaus? – Tiffany pergunta, animada.

– Por que você contou ao Klaus sobre Barcelona? – Claire perguntou. Tiffany parou o carro e olhou para Claire, que a encarava séria. Tiffany ficou desnorteada e tentando lembrar se realmente tinha feito isso. Escutou uma buzina e se atrapalhou ao voltar a dirigir o carro. Os segundos de silêncio se estenderam.

– Eu… Eu não lembro de ter contado nada para ele. – Tiffany disse com a voz fraca.

– Mas ele sabe. Me disse que você contou a ele em um dia que eu estava com dor de cabeça e você bêbada. – Claire disse, calma mas ainda séria.

– Minha nossa… Não acredito que fiz isso. – Tiffany levou a mão a boca e se sentiu péssima. – Eu não lembro porque… Estava um pouco bêbada. – Ela se envergonhou. – Me desculpa, amiga. Não acredito que eu fiz isso.

– Você me expôs assim, disse algo que somente você sabia e eu confiei que você jamais contaria isso. Aí você bebe e fala sobre minha vida à outra pessoa? – Claire estava começando a se irritar.

– Me desculpa, Claire. – Mais segundos de silêncio enquanto Tiffany dirigia. – Nem tenho o que te dizer… Só posso pedir desculpa.

– Espero que, em alguma dessas bebedeiras que você vive tendo, não tenha contado para mais ninguém. – Claire cruzou os braços e se ajeitou no banco do passageiro, olhando para a estrada. Tiffany estava quase chorando de tanto arrependimento.

– Claire… Eu… – Ela engoliu seco o nó que estava na sua garganta. – Eu nem imagino como deve ser a dor que você sente ao se lembrar disso. Estou me odiando por te fazer lembrar assim. Me desculpa.

– Tudo bem… – Disse Claire, tentando encerrar o assunto.

As duas se mantiveram em silêncio até chegarem de volta ao apartamento de Claire. Tiffany estacionou e entregou as chaves na mão de Claire.

– Eu vou para casa. Seus bebês se comportaram direitinho. O Thor está cada vez mais pentelho. – Tif deu uma sorriso triste e Claire também.

– Obrigada por ter cuidado deles. Obrigada por me ajudar nisso.

A noite estava fria em Londres e o vento soprou gélido entre elas. Tif não sabia como agir, ainda estava muito chateada pelo o que fez sem saber.

– Qualquer coisa que precisar me ligue. – Ela fez uma pausa. – O Alex ligou algumas vezes. Eu disse que você tinha viajado, sem dizer para ninguém para onde ia. Que precisava desses dias para organizar a cabeça. – Ela fez outra pausa. – Ele estava arrasado.

– Eu vou conversar com ele. – Declarou Claire. – Vou explicar tudo.

Os olhos de Tif se encheram de água e ela abraçou forte a amiga. Claire apertou forte a amiga e sabia que ali, existia um sentimento de irmandade raro.

– O Klaus pediu para lhe dizer que está solteiro e louco para saltar novamente com você. – Elas começaram a rir e enxugaram as lágrimas que estavam caindo. – Mas eu avisei que você está namorando.

– Meu Deus. Aquele salto! Ele te contou os detalhes? – Tif gargalhou e Claire balançou a cabeça.

– Incrível o que dá para fazer em um salto de alguns minutos, não?! Sua safadinha.

Tiffany não conseguia para de rir e abraçou Claire novamente.

– Eu te amo, amiga. Vou embora agora, combinei de falar com o Thomaz pelo Skype daqui a pouco. E acho que você tem muita coisa para fazer e pensar.

– Espera um pouco, vou deixar a mala lá em cima e depois vou sair, te deixo em casa. Preciso resolver isso hoje. Não vou conseguir dormir se não resolver tudo. – Claire disse, pegando sua mala do chão. Tif apenas assentiu com a cabeça. Ela sabia que a amiga estava certa.

***

Claire estacionou o carro um pouco antes do prédio de Alex, pois não tinha vaga perto. Já estava de noite e o frio estava a cada minuto mais cortante. Ela colocou uma touca de lã na cabeça antes de descer do carro e fechou alguns botões de seu casaco cor de creme. Sentiu suas mãos tremendo, um pouco pelo frio e um pouco pelo fato de que estava nervosa por se encontrar com ele.

Desceu e caminhou até o prédio dele. Algumas pessoas estava sentadas nas escadas dos prédios, fumando e alguns homens mexeram com ela, mas os ignorou completamente. Apertou o botão do apartamento de Alex e esperou. Ninguém atendeu. Ela apertou de novo. Nada.

– Ótimo. Ele não está aqui. – Ela apertou de novo e nada. Respirou fundo e se afastou da porta, deu alguns passos para trás, olhou para cima tentando ver alguma luz acesa no apartamento dele, mas estava tudo apagado. Entortou os lábios e tirou seu celular do bolso. Quando estava ligando o aparelho, escutou a voz que ela mais amava escutar, vindo por cima de seus ombros, ainda um pouco distante.

– Claire?

Ela parou e esperou. Fechou os olhos e sentiu que ele estava se aproximando. Quando se virou, ele estava a poucos centímetros dela, com olhos urgentes. Ele esboçou um sorriso e ela também.

– Eu juro que senti seu cheiro antes de virar ali. – Ele apontou para a esquina. – Eu sabia que era você. Meu coração já estava acelerado antes de te ver aqui. – Ele sorriu e ela mordeu os lábios. Estava morrendo de vontade de abraçá-lo.

– Eu preciso conversar com você. – Ela disse, se mantendo firme. Ele apenas assentiu e abriu a porta de entrada do prédio para subirem ao apartamento dele.

Ao entrar no apartamento dele, Claire analisou tudo com uma passada de olhos rápida e viu que havia muitas caixas fechadas no chão e duas malas igualmente fechadas. Era como se ele tivesse acabado de se mudar para lá. Ou talvez…

– Você está de mudança? – Foi a primeira coisa que ela perguntou enquanto ele fechava a porta e pendurava seu casaco atrás da mesma. Eles se olharam e ele queria desesperadamente voar para os lábios dela.

– Sim. – Ele passou a mão nos cabelos longos e as colocou no bolso de sua calça jeans escura. – Eu aceitei ir morar no apartamento do filho da Rose, em Wembley Park.

Claire sentiu que um dos pregos que estava cravado dentro dela, estava saindo e parando de doer. Ela sorriu soltando a sua respiração. Alex deu um sorriso triste. Em pensamento, Claire agradeceu Rose por isso.

– Eu fico muito feliz por você. É uma decisão sábia. – Ela disse, tentando esconder o quanto estava feliz por saber que ele iria sair daquele lugar, sair de perto da influência de Dylan.

– Eu sei. Deveria ter ido para lá desde o começo. – Ele disse e ela apenas concordou. – Você quer tomar alguma coisa? Tenho leite, se quiser posso fazer um chocolate quente para a gente tomar. Está muito frio.

– Não, não precisa. Eu já tomei muito chocolate quente nesse final de semana. – Ela sorriu e ele conteve a curiosidade de perguntar onde ela estava. Percebendo isso, Claire resolveu contar. – Eu passei o final de semana na Suíça, em Interlaken, Alex. Eu precisava esfriar a cabeça e saber exatamente o que fazer. – Alex coçou a cabeça e assentiu.

– O que você quer me falar, Claire? – Ele perguntou. Ao escutar seu nome saindo da boca dele, ela não aguentou e correu para abraçá-lo forte.

Ele fechou os olhos e se sentiu aliviado por tê-la novamente em seus braços. Sua vontade era de nunca mais soltá-la e a apertou ainda mais. Ela estava completamente desmanchada em seus braços e sentiu lágrimas de saudade se formarem em seus olhos e sentiu que elas escorriam por seu rosto. Ela cravou seus dedos nas costas dele, desejando que todo o seu corpo estivesse o mais próximo dele possível. Ele sorriu e beijou toda a cabeça dela da maneira mais carinhosa. Eles se olharam e ela se afastou um pouco.

– Talvez agora você entenda tudo. – Ela disse.

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