Capítulo 28

3 dias que se transformaram em 5, por conta da banda de heavy metal que ela havia visto o show na primeira noite, por cláusulas do contrato com a banda que ela foi negociar, por uma banda de rock gótico que viu o show no bar Last Cathedral e por uma cantora de música romântica que tinha a voz parecida com a da Nina Simone.

Quando o avião estava pousando, naquela manhã de domingo, no aeroporto de Heathrow, ela fazia um check list mental de tudo que precisava fazer. Visitar seus pais, cuidar da carência de seus bichos, reabastecer sua geladeira, levar roupas para a lavanderia, passar no mínimo uma hora ao telefone contando tudo para Rose e claro, matar a saudade de seu namorado. Ela pedira para que ele fosse buscá-la no aeroporto, mas seu coração estava apertado. Ele estava diferente. Ela não sabia bem ao certo o porquê, mas sabia que ele estava diferente.

Tinha um arrepio na coluna só de pensar que ele poderia estar próximo demais de Dylan, que pudesse ter caído. Mas, em nenhuma das ligações ele parecia alterado. Com sua experiência com músicos drogados, Claire consegue notar qualquer tipo de alteração em uma pessoa e até arrisca palpites sobre qual droga a pessoa usou. E ela achava que ele estava limpo. Queria acreditar que ele estava chateado por ela estar longe, mas sua intuição dizia que era algo além.

Depois de retirar sua bagagem, ela encontrou um Alex lindo, cheiroso e com o cabelo amarrado em um charmoso rabo de cavalo. Mas o sorriso dele estava triste. Notou no mesmo momento que a diferença dele, era simplesmente tristeza.

Não disse nada, apenas correu para abraçá-lo forte. O mais forte que pudesse. Como se quisesse dissipar a tristeza dele com seu abraço.

Alex apertou sua namorada mais forte ainda. Como estava sentindo a saudade dela, do seu cheiro, do seu olhar. O abraço de Claire realmente ajudou a dissipar suas dúvidas e pensamentos ruins. Ele percebeu que não podia ficar longe dela, não queria ficar longe. Por mais que não se achasse digno de tê-la, ele não podia ficar sem ela. Não mais.

O coração de Claire desapertou um pouco e quando o olhou, acolheu o rosto dele entre suas mãos e sorriu.

– Eu estava morrendo de saudade de você, meu amor. – Ela disse, tranquilamente. E lhe beijou.

– Eu também estava, minha linda. Com muita saudade.

Eles se abraçaram de novo.

Ela queria ir direto para a casa da sua mãe em Notting Hill, precisava ver como seu pai estava e se eles estavam precisando de alguma coisa. Alex não conseguiu ir visitá-los, pois ficou trabalhando até tarde na gravação das suas músicas, escrevendo letras e lutando contra a lembrança martelante daquela noite em que ele quase caiu, algumas vezes. Cada vez que esse pensamento o invadia, ele ficava perdido e sentindo uma ansiedade generosa e crescente.

– Alex, tem certeza de que está tudo bem?

– Está tudo bem, Claire. Estou apenas um pouco disperso, mente acelerada e muita coisa na cabeça, muita coisa nova, mudanças. Apenas isso. Não se preocupe. – Ele a puxou para mais perto e lhe deu um beijo no topo da cabeça.

Claire sabia que ele estava escondendo a verdade. Ela sabia que tinha alguma coisa além de tudo que ele havia dito, mas tentou acreditar que sua intuição poderia estar errada.

– Eu trouxe um presente para você, lá de Berlim. – Ela disse sorrindo e com os olhos brilhantes. Ele a olhou e sorriu também. – Maaaas, darei somente quando formos para minha casa hoje.

– Você não existe, Claire. – Ela ficou o olhando e lhe deu um beliscão. Riram.

– Se eu não existisse, não faria isso. – Ela lhe deu um beijo na bochecha. – É naquela casa branca, moço. Pode parar ali na porta mesmo. – Ela disse ao taxista.

Sua mãe veio ao seu encontro e estava radiante. Contou em apenas 1 minuto um resumo sobre a melhora de Steve, praticamente um bombardeio de informações para Alex e Claire se inteirarem sobre a saúde dele.

Steve estava bem, estável e se alimentando adequadamente, agora que Jane estava cuidando de tudo isso. Ela havia o matriculado na academia da natação, para fazerem aulas juntos. Claire sabia que a mãe iria cuidar muito bem de Steve e também tinha certeza de que não iria faltar nada para a recuperação dele, muito menos incentivo para praticar esportes.

Jane disse que os bichanos se comportaram, mas que estavam sentindo a falta dela, com certeza. Disse que Tiffany havia ido ao hospital visitar Steve, um dia antes de sua alta e que Steve já havia perdido 4 quilos desde que havia sido internado.

Sabendo que tudo estava bem com seu pai, Claire conseguiria ir para casa tranquila. Alex permanecera apenas falando o necessário e respondendo algumas perguntas de Jane, que fez questão de tirar uma foto do casal para mostrar para suas amigas no grupo de bate-papo de seu celular. “Mas esse casal é muito bonito. Mesmo!”

– Eu nem preciso mais pedir desculpas por ela, Alex. Você sabe o quanto ela é maluca. – Disse Claire, dentro de outro táxi, indo para seu apartamento.

– Eu me divirto com sua mãe. Ela é muito brincalhona. Uma pessoa adorável.

– Ela é. Completamente diferente do meu pai, que é quieto, na dele. Mas espero que eles não briguem mais e que todas as diferenças que os separaram, tenham ficado no passado.

– Eu vejo amor nos olhos deles. Acho que isso será mais forte. – Alex disse e Claire o olhou, sorrindo.

Antes mesmo de abrir a porta de seu apartamento, Claire escutou Thor latindo e chorando. Obviamente ele fez a maior festa do mundo quando chegaram. Kissy se aproximou com aquele jeito típico de gatos e se esfregou na perna de Claire.

– Ainda bem que tenho duas mãos. – Disse Claire, sentada no chão com uma mão afofando a barriga de Thor que estava virado no chão de barriga para cima e a outra esfregando a cabeça de Kissy, que fechava os olhos bem gostoso, curtindo o carinho.

Depois de acabar um pouco com a carência de seus bichos e desarrumar a mala, separando as roupas sujas para lavar, ela estava exausta.

– Quer pedir alguma coisa para jantarmos? Acho que você não vai querer sair, certo? – Disse Alex, a observando da porta do banheiro, enquanto ela arrumava algumas maquiagens numa prateleira.

– Pode ser. Qualquer coisa. Estou faminta e se eu for cozinhar agora, vai demorar. E acho que nem tem nada na geladeira.

– Comida chinesa?

– Ótimo! Palitinhos e comer na caixinha, como nos filmes. Tem o telefone na agenda que está ao lado do telefone, na sala. Está na letra C de China. – Ela deu risada. Ele acenou com a cabeça dando risada também.

– Tudo bem, vou lá pedir.

– Vou tomar um banho rápido, ok?

– Tudo bem, te espero. – Disse Alex e saiu do quarto.

Claire apoiou as mãos na grande pia do banheiro e abaixou a cabeça. Estava preocupada com a alteração de atitude de Alex. Se olhou no espelho e torceu os lábios, respirando fundo.

– Vai dar tudo certo… Vai dar tudo certo…

Ficou repetindo para ela mesma, como um mantra. E foi tomar seu banho. Não ia desistir da surpresa que havia planejado para Alex, a segunda parte do presente que ela trouxe para ele.

Quando Alex voltou para o quarto, escutou o barulho do chuveiro do banheiro de Claire e foi se deitar na cama. Mas lá em cima havia uma caixa pequena e um papel escrito “Esse é o seu presente. Quero que esteja vestido com alguma delas quando eu sair pela porta do banheiro. E quero você com esse cheiro também. Te amo.”

Ele deu risada e soltou o laço da caixa azul marinho. Lá dentro havia um perfume e três cuecas da marca alemã Hugo Boss. Ele sentiu seu rosto ficar quente e uma excitação deliciosa tomou conta do seu corpo, imaginando qual seria a reação de Claire ao vê-lo como ela mesma havia pedido.

Uma cueca preta com detalhes em dourado, outra branca com detalhes em azul e a última azul marinho com detalhes em branco. E um perfume com notas cítricas marcantes. Enquanto escolhe qual vestir, ele escuta o chuveiro sendo desligado.

Dentro do banheiro, Claire passa uma loção hidratante com cheiro de flor de cerejeira na pele e veste um conjunto lindo de calcinha e sutiã de renda, que comprou numa loja de lingerie alemã chamada Blush. O conjunto era azul marinho com detalhes bordados em vermelho. Para completar, ela colocou um escarpin altíssimo da Christian Louboutin, azul marinho com a clássica sola vermelha. Passou um pouco de maquiagem para destacar seus olhos azuis e um perfume da Gucci que era um dos seus favoritos. Seu cabelo tinha um volume que ela adorava e a deixava sexy. Respirou fundo e torceu para encontrar Alex deitado em sua cama, do jeito que ela havia imaginado.

Sentiu suas mãos tremerem um pouco quando as colocou na maçaneta da porta e a abriu. Olhou no quarto e Alex não estava deitado na cama como ela havia imaginado. A caixa estava na cama, junto com o bilhete, como se ele não tivesse tocado nela.

Seus olhos se encheram de lágrimas por pensar que a surpresa tinha ido por água abaixo. Abaixou a cabeça de respirou fundo, fechando os olhos.

Então, sentiu que ele havia se aproximado dela por trás, passando a mão pela sua cintura e a puxando para mais perto, respirando fundo o cheiro que havia na pele de sua nuca. Ela se deixou amolecer nos braços dele e soltou com força todo o ar que havia puxado para dentro de seus pulmões.

– Acho que nossa mente está conectada mesmo. – Ele disse, com a boca colada na nuca dela, mordiscando a pele, provocando arrepios tanto nela, quanto nele.

– Ah é? – Ela disse, fechando os olhos e mordendo os lábios. – Preciso ver.

Ela se soltou delicadamente dos braços dele e se virou. Viu Alex vestido somente com a cueca azul marinho. Com o corpo que Claire achava maravilhoso e a fazia ir às nuvens. Ela sorriu de maneira maliciosa e se aproximou do pescoço dele. Sentiu o cheiro do perfume na pele de Alex e sorriu mais ainda.

– Tinha certeza de que iria gostar desse cheiro na sua pele.

Ele a desejava mais do que nunca. Deu um passo à frente e a puxou para si. Toda a tristeza e dúvida que ele sentia, havia sido pulverizada pelo olhar da mulher que ele amava. Colou sua boca nos lábios dela e num beijo faminto, ele a ergueu no ar e a levou para a cama. Antes de se livrar de toda aquela roupa (ele considerava naquele momento, um sutiã, uma calcinha e uma cueca, muita roupa), ele a observou deitada na cama.

– Você é a mulher mais linda que eu conheço, Claire. – Ele disse, com a voz sincera e doce, fazendo o coração de Claire bater ainda mais forte. Ela sorriu e ele deitou em cima dela, apoiando os braços ao lado de sua cabeça e passando a mão em seus cabelos, carinhosamente e a olhando com todo amor que conseguia. – Eu amo você. – Ele disse baixinho e a beijou nos lábios.

– Eu também amo você, Alex. – Ela disse no meio de um sorriso apaixonado e um suspiro de excitação e amor.

Se amaram deliciosamente e sem pressa, curtindo cada segundo. E depois ainda agradeceram pelo fato do entregador de comida chinesa, ter se atrasado algumas dezenas de minutos.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *