Capítulo 24
– Dorme na minha casa hoje? – Claire pergunta, o abraçando e falando baixinho no ouvido de Alex, enquanto ele escreve algumas letras na folha de papel que estava na sua frente. Ele sorri e ela lhe dá um beijo na bochecha. – A Rose vai me mandar para Berlim amanhã. Vou ficar com saudades. Aliás… Já estou com saudades. – Ela se senta na cadeira ao lado dele e faz bico. Ele sorri.
– Claro que eu durmo. – Ele pega a mão dela e beija. – Quantos dias ficará lá?
– Não sei. Depende da banda e também depende da minha caça. Ela quer que eu procure bandas por lá. Se eu achar, vou ter que ficar mais tempo.
– Pena que estamos no meio do processo de produção do disco. Senão eu poderia ir com você.
– Não posso te tirar daqui agora. Você precisa continuar gravando, escrevendo e ainda precisa ajeitar sua casa. – Ela mordeu os lábios ao dizer essa última frase, mas logo quis mudar de assunto. – Podemos ir para Berlim em outra oportunidade. Quando estivermos divulgando seu disco. – Ela sorriu e o abraçou forte, sentindo seu cheiro delicioso.
– Tudo será novidade para mim. Nunca sai da Inglaterra. – Ele volta a escrever mais algumas palavras.
– Não? Nossa! Então tenho muito que te mostrar pelo mundo. – Ela passa a mão pelos cabelos dele, fazendo um carinho que ele já aprendeu a amar.
– Quantos carimbos você tem em seu passaporte? – Ele pergunta, se virando de frente para ela.
– Quer saber quantos países eu conheço? – Ela sorri, pois se orgulha muito desse número. Ele assente sorrindo também. – Tenho a resposta na ponta da língua. Conheço 56 países.
– Caramba! É muita viagem!
– Comecei cedo. – Ela pisca para ele e Rose entra na sala dela.
– Claire. Podemos conversar um minuto? – Rose estava séria e parecia tensa. Claire se levantou e foi ao encontro dela. Foram para a sala de Rose.
– Conseguiu falar com ele? – Claire perguntou, se referindo a Dylan.
– Consegui. Ele disse que estava dormindo, por isso não atendeu o telefone. Mas ele também me disse que não irá voltar para a gravadora enquanto você trabalhar aqui. – Rose se sentou em sua cadeira e Claire cruzou os braços, esperando que ela continuasse a falar. – Não disse nada para ele. Apenas falei para que ele pensasse exatamente em tudo que estava fazendo de sua vida. E que se fosse assim que ele quisesse, deveria procurar outra gravadora. Não vou mandar embora a mulher que está me ajudando a reerguer essa gravadora. Não vou trocar meu braço direito por uma unha podre. Temos muitos produtores querendo trabalhar aqui, melhores que ele. Vou entrar em contato com alguns.
– Rose, eu não queria lhe causar esse tipo de problema. Eu quis apenas alertá-lo que o que ele estava fazendo era errado. Ele chegou aqui transtornado.
– A recepcionista disse isso. Acredito em você. Agiu melhor do que eu agiria, pois eu não teria coragem de mandá-lo embora para casa. Iria apenas lhe dar uma bronca. Mas você agiu melhor, mostrando a ele o quanto é dispensável, substituível.
– Eu agi por impulso. Apenas isso. – Claire ainda estava de braços cruzados, tensa. Aquele assunto era delicado para ela.
– Tudo bem, obrigada mesmo assim. – Rose sorriu e Claire também. – Querida, acho que já está tarde para você. Pode ir embora. Te encontro no aeroporto amanhã, preciso lhe dar os vouchers do hotel e da passagem, pois não imprimi ainda. Às 11h no Heathrow, ok?
– Ok. Bom, até amanhã então. Qualquer coisa pode me ligar.
– Pode deixar. Até amanhã. – Diz Rose e Claire sai de sua sala.
***
Antes de irem para o apartamento de Claire, eles passaram no hospital para visitar os pais dela e ótimas notícias, em 3 dias ele teria alta. Claire se sente um pouco angustiada de precisar viajar bem quando seu pai está internado, mas sabe que sua mãe cuidará bem dele. E também pede para que sua mãe vá até seu apartamento duas vezes ao dia para alimentar os bichinhos.
Enquanto Claire está arrumando sua mala, Alex está deitado em sua cama passando a mão em Kissy e a observando.
– Juro que essa viagem está vindo em um momento péssimo. Meu pai no hospital, a gravação do teu disco. Não queria me ausentar um dia sequer. – Ela disse, enquanto colocava uma blusa de lã vermelha dobrada dentro da mala.
– Posso te manter informada, Claire. E também posso ir até o hospital ver como seu pai está. Não será um problema. Posso fazer isso por você.
– Eu vou adorar se você fizer isso. – Ela sorri para ele e continua colocando meias, blazer e calças de alfaiataria na mala. – Ah! Preciso te contar uma coisa. – Ela para tudo e o olha. – Não sei como ele conseguiu, como ele descobriu… Mas o Matthew vai trabalhar com a Juliette. Ele vai escrever as músicas do disco dela. – Alex entorta os lábios e se senta na cama.
– Esse cara não vai dar sossego. E ele ainda pensa que você está solteira? – Pela primeira vez, Claire sente uma ponta de irritação em Alex.
– Provavelmente sim. – Claire morde os lábios. Sabia que uma forma de tentar afastar Matthew era contar a ele que estava com Alex.
– Ele precisa saber. Você não acha? Talvez ele pare de tentar te conquistar novamente.
– Talvez… É que faz pouco mais de um mês que estamos separados. Não sei o que ele pensaria se soubesse que eu já estou com outra pessoa. Namoramos durante um longo tempo.
– Agora tem tempo certo para se envolver com outra pessoa depois do término de relação com outra? – Alex balançou a cabeça e os olhos de Claire se encheram de água.
– Não… Você tem razão. Eu vou contar para ele. – Ela abaixou a cabeça e continuou a colocar coisas na mala.
Alex ficou em silêncio por alguns segundos. Ele estava se sentindo inseguro. Por mais que ele soubesse que Claire estava apaixonada por ele, sabia que Matthew era um homem bem sucedido e importante, o que ele achava que Claire merecia. Ele ainda não se achava bom o suficiente para ela. Ele se levanta e ela o acompanha com os olhos.
– Onde você vai? – Ela perguntou com uma voz murcha.
– Pegar minha carteira na mesa da sala. Lá dentro tem um cartão que quero te mostrar.
Ela assentiu e segundos depois ele estava de volta, mexendo nos papéis amassados dentro de sua carteira. Ele achou o papel e esticou a mão para Claire.
– Lembrei de você quando vi isso. – Ele esticou o cartão para ela. Ao ver do que se trata, ela sorri. – Bom, eu comprei para você. Pode ligar lá para marcar quando puder fazer.
– Um curso de jardinagem? – Ela sorri mais e olha para ele.
– Você me disse que queria saber cuidar melhor do seu jardim e das suas plantas. Achei que você iria gostar. – Ele disse com simplicidade.
– É perfeito! – Ela o abraçou forte, sorrindo. – É um dos melhores presentes que já ganhei na vida. Não quer fazer junto comigo? – Ele sorri e balançou a cabeça.
– Paguei um para mim também. Vamos fazer juntos quando você voltar. – Ela sorriu novamente e o beijou, muito feliz.
– Vamos deixar meu jardim lindo. Quer dizer, quando a primavera chegar. – Ela sorriu.
– Mas podemos fazer coisas de inverno também. Tem coisas para fazer enquanto a primavera não chega.
– Ah! Me empolguei, quero fazer logo. – Ela o beijou de novo e ele a abraçou forte, respirando fundo e sentindo o cheiro da pele dela.
– Falta muito para acabar de arrumar a mala? – Ele perguntou, ainda abraçado com ela.
– Na verdade não. Por quê?
– Quer sair para jantar? Está cedo ainda. Não é nem 21h.
– Humm… Pode ser. Me deixa terminar aqui e vamos sim. – Ela pulou e correu até o banheiro para pegar os itens de higiene pessoal. E Alex voltou para a cama e ficou ao lado de Kissy, que se espreguiçou e se encostou na coxa dele.
Eles foram jantar no restaurante do chef Gordon Ramsay. Era perto de onde Claire morava e foram caminhando, apesar do vento frio que soprava pela ruas do bairro Chelsea.
Durante o jantar, eles conversaram sobre alguns livros que Alex havia lido nos últimos meses e Claire contou algumas histórias sobre grandes bandas de rock.
– Claire, eu queria te fazer uma pergunta. Mas não sei como fazer isso… – Alex estava um pouco inquieto e Claire arqueou as sobrancelhas sorrindo.
– Talvez a melhor maneira de perguntar seja perguntando. – Eles deram risada e ela deu um gole na taça cheia de água que estava à sua frente. – Tenha coragem! Pergunte!
– É que… Eu estou gostando muito de você. Não consigo parar de pensar em estar perto, te olhar, te beijar, te abraçar… Seu cheiro me deixa maluco. – Ele parecia estar falando tudo aquilo para ele mesmo, pois estava de cabeça baixa e mexendo as mãos, Claire sorriu, se emocionando. Ele olhou para ela. – Eu quero você para mim. Não sei se isso ainda se pergunta, porque nunca fiz essa pergunta antes, mas… Você quer ser minha namorada?
Claire abriu a boca numa sorriso escancarado e seus olhos brilharam. Alex deu de ombros e sorriu, pegando firme a mão dela por cima da mesa.
– É o que eu mais quero! – Claire disse, emocionada.
Alex se levantou e foi até ela abraçá-la e lhe deu um beijo doce nos lábios, depois lhe beijou o topo da cabeça. Ele se abaixou ao lado dela e percebeu que uma discreta lágrima estava escorrendo pela bochecha dela e passou o dedo para secá-la. Segurou as duas mãos dela.
– Eu te amo, Claire. – Ele disse, beijando as duas mãos dela. As palavras fizeram Claire perder o ar de seus pulmões, pois ela se lembrou que ele não havia dito isso desde quando se despediu de sua mãe.
– Eu também te amo, Alex. – Eles se beijaram novamente.
Sorrindo, Alex volta ao seu lugar e percebeu que algumas pessoas estavam olhando e sorrindo. Talvez pensando em como aquele lindo casal parecia estar tão apaixonado.
– Ainda não é um pedido de casamento, pessoal. – Alex deu risada e Claire sorriu em meio as pequenas lágrimas de emoção.
Alex estava borbulhando de felicidade por dentro, assim como Claire. Eles não disseram mais nada até terminarem de comer o soufflé de coco que haviam pedido para sobremesa.
Enquanto caminhavam de volta ao apartamento de Claire, abraçados e radiantes, Claire queria sair pulando pelas ruas de tanta felicidade. Alex a puxou para seus braços e a ergueu no ar, a rodando e lhe beijando os lábios.
– Você está me transformando em um dos homens mais felizes do mundo.
– Te garanto que estou entre as top 5 na lista das mulheres! – Eles deram risada e, de mãos dadas, continuaram caminhando. – Parece que tenho animação para correr uma maratona, só porque estou feliz. – Eles riram e ela o olhou. – Obrigada. Obrigada por me fazer tão feliz. Por ser quem é.
Ele parou de caminhar novamente e acolheu o rosto dela entre as mãos, olhando intensamente em seus olhos.
– Eu nunca fui tão feliz. Nunca. E nunca imaginei que pudesse ser feliz assim. Não sabia que tinha essa capacidade.
– Todos nós temos. Todos nós temos o direito de sermos completos com uma pessoa que nos ame de verdade. E eu sei que isso que está crescendo entre nós é amor. – Ela disse sorrindo. Ele a beija novamente.
– O bom é que vamos poder escrever muitas músicas boas aproveitando esse sentimento. – Ele disse com os lábios colados nos dela e deram risada juntos. Ela a abraça forte.
– Não quero viajar amanhã.
– Eu também não queria que fosse. Mas esses dias passarão rápido. Pode apostar.
Do nada, começa a chover e a chuva vai aumentando aos poucos, os dois voltam a caminhar e a medida que a chuva aperta, eles correm dando risada até o prédio de Claire. Mas não foi suficiente para que não se molhassem pouco. A chuva estava forte e quando chegaram à porta de entrada do prédio, eles estavam ensopados com água de chuva.
– Droga! – Claire disse. – Que chuva frrrriiiaaa! – Ela disse, procurando a chave da porta em sua bolsa.
– Acho que vamos precisar tomar um banho quente. – Alex disse, com tom malicioso na voz e Claire sorriu.
– Muito quente. Um banho muito quente. – Eles sorriram um para o outro.