Capítulo 15

Na manhã seguinte, ela acordou, deitada no sofá e com uma dor aguda no pescoço. Gemeu de dor assim que o mexeu e amaldiçoou a péssima ideia de ter dormido ali. Abriu os olhos, olhou em volta e não viu Alex. Viu Thor dormindo no outro sofá e Kissy desfilando em direção à cozinha. Ela se lembrava de que ele estava ali, com ela, até a hora em que adormeceu. Se espreguiçou no sofá e se sentou. Escutou alguns barulhos vindos da cozinha e se sentiu aliviada de ele estar lá ainda. Sentiu seu estômago doendo e sua cabeça também. Definitivamente, não sabia qual parte de seu corpo estava doendo mais. Se deitou novamente e desejou um grande copo de água gelada.

Parecendo ler sua mente, Alex aparece saindo da cozinha, com um copo de água cheio de gelo. Ele a olhou e abriu seu melhor sorriso.

– Bom dia! – Ele disse, se sentando no mesmo lugar da noite passada e entregando o copo de água à Claire. – Acho que deve estar querendo beber isto. – Ele deu risada e ela assentiu, pegando o copo e o virando na boca, até o último gole.

– Delícia. Poderia passar o dia todo, apenas tomando isso. – Eles riram e ela colocou o copo na mesa, voltando a se deitar.

– Eu tomei a liberdade de preparar algumas coisas para o café da manhã. – Ele disse, com um receio de ter invadido demais a casa dela. Mas ela sorriu.

– Você ia me trazer um café na cama-sofá? – Ela perguntou brincando e ele sorriu.

– Vou buscar. – Ele se levantou e foi buscar a bandeja que havia preparado para ela.

Quando ele apareceu com tudo aquilo na mão, ela abriu a boca. A bandeja estava linda. E também havia uma flor, que ela não fazia ideia de onde ele havia tirado.

– Preciso ir embora, Claire. – Ele disse, e ela se sentiu triste por eles terem que se separar. – Preciso das minhas coisas, tomar um banho.

– Eu estou te consumindo demais. Me desculpe, Alex. – Ela disse com uma voz triste.

– Não! Não é isso. Não pense que estou fazendo tudo isso forçado. Muito pelo contrário. Cada segundo ao seu lado é importante para mim. – Ele disse com sinceridade e ela apenas sorriu. Mas por dentro estava sorrindo ainda mais, por pensar que ele a considerava importante. – E você também deve ter suas coisas para fazer. Não podemos ficar grudados o tempo todo. – Ele disse, dando risada e apertando o pé dela.

– Eu ficaria. O tempo todo. Numa boa. – Ela disse com a mesma sinceridade que ele e ele sentiu seu coração se aquecer novamente.

– O que vai fazer mais tarde?

– Pretendo ficar aqui, largada nesse sofá, assistindo 5 minutos de televisão por hora e morrer ao final do dia. – Ela disse, de olhos fechados e ele sorriu. – Falando sério. Talvez eu vá ao Museu de História Natural. É meu museu favorito e ainda não tive tempo de ir desde que voltei. Ou talvez, eu apenas fique deitada na grama do Hyde Park. Estou decidindo ainda.

– Quer companhia? – Ele perguntou e ela sorriu.

– Ahhh! Está começando a devolver meus convites? – Ela disse, com tom brincalhão.

– Já era hora, não?!

– Quero sua companhia. Vou amar.

– Então às 15 horas, na frente do monumento para a Princesa de Gales.

– Estarei deitada embaixo da primeira grande árvore, próxima da fonte. Me procure. – Disse Claire e Alex gostou do desafio.

– Combinado. – Ele se levantou e olhou o relógio. Era 10:56. – Você tem 4 horas para se arrumar e ir até lá.

– Não vou me atrasar! Pode ter certeza.

Ele sorriu e se aproximou dela. Se abaixou para lhe dar um abraço apertado e um beijo na testa. Carinhos que Claire amava receber dele.

– Obrigada por ter cuidado de mim, Alex. – Ela disse, enquanto ele caminhava para a porta. Ele a olhou, sorrindo.

– Você está cuidando de mim há uma semana. Posso fazer isso por você também. – Eles sorriram um para o outro e ambos estavam com o coração apertado por ficarem algumas horas afastados um do outro. – Até mais tarde, Claire.

– Até. – Respondeu Claire e ele se foi.

Claire respirou fundo e tentou organizar sua mente e seu coração. Se levantou e foi para o banho. Um banho relaxante e revigorante com certeza iria ajudá-la a entender melhor, o que estava sentindo por aquele homem. Por mais que já soubesse, ela precisava decidir o que iria fazer com tudo aquilo que havia dentro dela.

***

Depois do banho, Claire se deitou na cama para beber mais água gelada, prometendo para si mesma, que jamais voltaria a beber daquele jeito. Teve que abrir um caminho em sua cama entre Kissy e Thor, que estavam brincando entre os lençóis.

Pegou seu computador e leu novamente a música que ela e Alex haviam escrito. Refletiu sobre a letra e acalentou seu coração, admitindo que ele havia sido uma escolha dela. E que ele sempre será a sua escolha. Estava se apaixonando por ele, de um modo único e completamente doce. Queria estar ao lado dele todos os minutos de sua vida.

Olhou seu Facebook e viu que sua mãe, acabara de marcá-la em uma publicação. Claire deu risada e rolou os olhos, achando que a mãe estava moderna demais.

“Minha filha Claire Thompson me abandonou! Estou sentindo sua falta, uma semana sem te ver.”

Claire percebeu que estava em falta com a mãe mesmo. Por mais que ela tivesse sua vida, gostava de cuidar dos pais, pois eles passaram a vida toda cuidando dela. Nada mais justo, retribuir esse carinho e dedicação.

Pegou o celular e ligou para a mãe, ao mesmo tempo que curtia o post de sua mãe.

– Mãe! Eu não abandonei! Pare de choramingar na internet!

– Eu precisava fazer um charme, para ver se você me procurava. Funcionou! – Disse Jane, dando risada do outro lado da linha.

– Então por que não me ligou? Já que estava com tanta saudade! Sabe onde me encontrar Sra. Jane. – Claire fechava o computador e se aconchegava na cama.

– Eu sei, filha. Estou apenas brincando. Como você está?

– Estou bem. Neste momento estou enfrentando uma ressaca terrível. Daquelas que dá vontade de ficar na cama o dia todo e se alimentar apenas de água gelada.

– Quer cuidados de mamãe? – Jane gargalhou e Claire torceu os lábios, dando risada também.

– Já cuidaram de mim, não se preocupe. – Claire se sentiu querida ao lembrar dos cuidados de Alex com ela, na noite passada e durante a manhã.

– Huuummm! Interessante. Já encontrou algum namorado em duas semanas de volta? Você é incrível mesmo.

– Não é um namorado, mãe. É só um rapaz que conheci. – Claire passava os dedos no lençol e se lembrava do rosto de Alex. – Na verdade, estou me apaixonando por ele.

– Ahh! Que linda, filha. Que bom que está se apaixonando por ele. Quero conhecê-lo! Como ele se chama? O que ele faz?

Claire conta tudo para a mãe curiosa e ansiosa por novidades da vida da filha. Jane torcia muito para que Claire fosse feliz, sempre feliz, seja qual fosse a forma. O importante era que ela fosse sempre feliz.

Desligaram o telefone minutos depois e Claire continuou deitada na cama, passando a mão em Kissy, que estava deitada ao seu lado, sonhando acordada com Alex. Pensando em alternativas para continuar demonstrando o seu amor por ele. Sentiu seu coração se aquecer ao lembrar que ele havia passado a noite com ela, mesmo que eles não tivessem se encostado. Ela imaginava se ele poderia estar pensando nela e sua intuição lhe disse que ela poderia ficar tranquila, pois ele estava caindo como ela.

Algum tempo depois, ela se vestiu com uma calça confortável e uma camiseta fresca, para ir ao parque. Caminhou entre as pessoas que se amontoavam na grama, todos procurando um lugar ao sol.

Logo chegou à fonte que eles haviam combinado e procurou a maior árvore para se sentar embaixo de sua sombra. Para sua sorte, todos naquele dia, estavam procurando pelos raios solares e havia espaço para que ela se sentasse no local que haviam combinado.

Se sentou e tirou da pequena bolsa, um livro para ler. Na verdade, ela nem estava lendo nada. Estava ansiosa para que Alex chegasse logo. Ela estava com saudade e isso era algo novo em sua vida. Ela nunca havia sentido tanta a falta de uma pessoa, como sentia a dele.

Respirou fundo e decidiu fazer o livro de travesseiro, se deitando com as pernas dobradas e fechou os olhos, tentando acalmar seu coração que estava completamente gritando por Alex. Tentou se lembrar dos lugares do mundo que já havia visitado e se lembrou das praias de Bali, que visitou quando era adolescente. Se lembrou do xamã que visitou e ela sorriu ao lembrar as palavras dele para ela.

“Você é uma mulher forte, de fibra e que tem asas nos pés. Vai se casar somente depois dos 30 anos e terá 3 filhos!”

Três filhos! Claire deu risada sozinha, com os olhos fechados, ao pensar que teria que cuidar de três filhos e torceu para que o xamã estivesse errado.

– Está enlouquecendo ou ainda sob o efeito do álcool da noite passada? – Disse a voz masculina que estava ao lado dela, a voz que Claire queria guardar em um pote e escutá-la sempre que quisesse vontade. Ela abriu os olhos a tempo de ver Alex se sentando ao lado dela.

– Estava lembrando de algumas coisas que me falaram e que hoje me parecem engraçadas. – Disse Claire, deitada na grama e Alex sorriu para ela.

– Seu sorriso é lindo. Gosto de ver seus dentes brilhando. – Disse Alex, se deitando ao lado dela.

Os dois ficaram lado a lado, deitados de barriga para cima olhando para o céu e para as folhas da árvore que estavam embaixo. Claire pensou se deveria dizer alguma coisa do que estava sentindo, mas não sabia qual seria a reação dele. Sentiu um pouco de medo, mas achou que deveria dizer alguma coisa. Respirou fundo e deixou seu coração falar.

– Alex… Eu estou muito feliz por ter te encontrado. Muito mesmo. – Alex sorriu e Claire sentiu suas mãos tremerem.

– Eu também estou muito feliz por você ter insistido na caça. – Eles riram juntos e se olharam por alguns segundos, depois voltaram a olhar para o céu.

Mais um longo período de silêncio aconteceu. Alex criou coragem e procurou pela mão dela ao seu lado. Quando a encontrou, eles entrelaçaram seus dedos e ele apertou forte, firme. Claire sentiu uma onda de eletricidade percorrendo seu corpo e fechou os olhos para senti-la melhor. Alex trouxe a mão dela para perto de seu rosto. Cheirou a pele dela, aquele cheiro que ele já queria sentir o tempo todo. Encostou suavemente seus lábios na mão de Claire e lhe deu um beijo. Ele queria agarrar Claire para sua vida, para sempre e nunca mais se afastar dela.

Eles se olharam novamente e ele virou seu corpo, ficando de frente à ela. Passou o braço pela cintura dela e ela se virou também. Seus corações estavam batendo forte e acelerado, como se fossem tambores de alguma tribo indígena. Ela sentiu a mão quente dele em sua cintura e era tudo o que queria, ficar ali, envolvida por ele, ao lado dele.

Foi quando uma criança de aproximadamente 8 anos, passou gritando e correndo atrás de um esquilo e quase caiu em cima deles. Eles se assustaram e se sentaram para ver o que estava acontecendo. Viram o menino correndo e sua mãe correndo atrás dele. Começaram a rir e se olharam novamente.

Os olhos azuis dela estavam brilhando demais e ele não pensou em mais nada. Tudo fazia sentido e era o que deveria fazer.

Ele se aproximou dela, passando sua mão pela sua nuca delicada e seus lábios se encostaram pela primeira vez. O primeiro beijo. Exatamente como deveria ser. Em uma linda tarde ensolarada de domingo. Ela passou os braços pelo corpo dele e se aproximaram ainda mais. Era tudo o que eles queriam. Se perder naquele beijo e se encontrarem um nos braços do outro.

Alex percebeu que desejava aquele beijo, desde quando viu Claire pela primeira vez, o olhando de boca aberta enquanto cantava. Claire queria que o tempo parasse naquele beijo. O melhor beijo de sua vida.

Eles se olharam e ele passava a mão nos cabelos de Claire, enquanto ela apertava os músculos das costas dele. Ela fechou os olhos novamente e sorriu, balançando a cabeça. Ele sorriu e beijou os olhos dela.

– Acho que não vou mais conseguir ficar sem esse beijo. – Ela disse, ainda sorrindo.

– Estou com esse mesmo problema. – Ele declarou e se olharam novamente, dando risada. – Admito que grande parte da minha relutância em procurar sua gravadora, foi exatamente pelo fato de que me senti completamente atraído por você, desde quando nos vimos pela primeira vez.

– Eu não te tirei da cabeça desde esse dia. – Claire sorriu e o beijou novamente. – Seria tão mais fácil se nosso beijo não combinasse. – Eles riram e ele a abraçou. – E se o seu abraço não fosse tão perfeito.

– Estamos encrencados, talvez. – Ele disse, se lembrando que talvez eles enfrentariam diversas situações constrangedoras e isso seria difícil.

– Talvez. Mas eu não dou a mínima.

E Claire não dava mesmo. Naquele momento, ele era o homem que estava a protegendo do resto do mundo, somente com um abraço. Não tinha dúvidas de que queria estar com ele de verdade. Alex sentiu seu coração se apertar, ao pensar que não era bom o suficiente para dar à Claire tudo o que ela merecia. Não naquele momento, pois pretendia fazer tudo o que ela mandasse, para que sua carreira acontecesse. Ele queria, mais do que nunca, que tudo isso desse certo, apenas para ser para Claire, uma pessoa melhor.

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