Capítulo 8

Sophie chegou em casa e Marrion estava deitada no sofá, com um livro em seu colo e os óculos no rosto. Com certeza ela estava lendo e pegou no sono, esperando Sophie voltar. Sophie sorriu ao ver a cena e como Marrion estava coberta e confortável, ela a deixou desse jeito e subiu as escadas para ir ao seu quarto, com muito cuidado para não fazer barulho. Sophie não queria conversar com ninguém naquele momento, pois ainda estava digerindo tudo que havia acontecido naquela noite tão especial.

Ao entrar em seu quarto, ela se encostou na porta, fechou os olhos e respirou fundo. Sua cabeça estava um turbilhão e ela sentia que um fogo estava queimando dentro dela, como se estivesse fazendo força para sair. Ela ainda podia sentir o cheiro de Jacques em sua pele, devido a tantos abraços que ele deu nela. Ela sorriu ainda de olhos fechados, se lembrando de tudo, com muito carinho.

Ela abriu o zíper do vestido e soltou seu longo cabelo, que ela sempre deixava preso em vários tipos de coques. Ela estava somente com lingerie e colocou um robe de seda preto cima, pegou um cigarro e foi para sua varanda. Um de seus lugares favoritos no mundo. Como ela amava aquela varanda, sentir aquela brisa fresca em sua pele e ainda ter o privilégio de admirar a Torre Eiffel que ela tanto gostava. Se sentou em sua cadeira confortável, colocando os pés para cima em um apoio e ficou fumando, pensando em tudo, relembrando tudo.

– Isso é muita loucura, Sophie. – Ela sorriu e balançou a cabeça, conversando com si mesma. – Você o conheceu hoje, como pode estar querendo vê-lo novamente tão depressa? Você não faz isso. Você não é assim. – Tragou de novo. – Mas ele é tão impressionante…

Sophie estava completamente dividida. Queria esquecer aquela noite e decidir que tudo isso havia acontecido apenas naquela noite e que deveria acabar. Mas, ao mesmo tempo, ela nunca havia se sentido tão bem, tão livre e tão verdadeira com uma pessoa. Ainda mais uma pessoa que havia conhecido naquela mesma noite.

– Sophie! Você está aqui? – Escutou Marrion falando da porta.

– Sim, pode entrar, Marrion. – E ela abriu a porta e foi ao encontro de Sophie. – Você estava dormindo tão confortável no sofá, que fiquei com pena de te acordar para ir à cama.

– Acordei com uma certa dor no pescoço e escutei você aqui em cima. Imaginei que estivesse indo dormir. Até que não voltou tarde. Como foi a festa?

– Foi… – Sophie pensou por um segundo se deveria contar tudo à Marrion, mas deicidiu ficar calada e apenas sorriu. – Foi uma festa melhor do que eu imaginava. Tudo muito bonito e especial. Você sabe que o Armand sabe como fazer uma festa bem feita. – Marrion assentiu com a cabeça e Sophie voltou a olhar para a cidade.

– Sim, ele e sua família sempre souberam como fazer festas. Seus pais também gostavam bastante de serem anfitriões. – Sophie sorriu e continuou olhando a cidade. Marrion percebeu que ela estava longe demais e também percebeu que seu sorriso estava diferente. – Seu sorriso está diferente. Aconteceu algo na festa? – Sophie sorriu e olhou para Marrion.

– Nada de diferente. Acho que estou bêbada ainda, sorrindo à toa. – E deu de ombros, mas Marrion não caiu nessa e começou a rir. Ela sabia exatamente quando Sophie estava mentindo ou tentando esconder algo.

– Mentira! Você está me escondendo algo e eu sei que é algo especial. Por isso não quer me contar. – As duas deram risada. – Me conte! Conheceu alguém?

– Não vou contar nada, pois estou indo dormir e você também. – Sophie apagou o cigarro no cinzeiro e se levantou da cadeira, indo em direção ao seu quarto. Marrion deu risada e a seguiu.

– Tudo bem. Se não quer contar, não tem problema. Mais cedo ou mais tarde, vou acabar descobrindo. – Agora foi a vez de Marrion dar de ombros e ir saindo do quarto de Sophie, que estava rindo. – Boa noite, menina Sophie. Sonhe com seu príncipe. – Elas riram novamente.

– Boa noite, querida. Durma bem. – E ela saiu do quarto, deixando Sophie rindo e balançando a cabeça. – Se eu não consigo esconder essa felicidade da Marrion, de quem vou conseguir esconder.

E Sophie foi tentar dormir, mas seu coração batia mais forte do que o normal e sua cabeça, ficava teimando em repassar cada segundo de sua noite maravilhosa. Até que, depois de muito respirar e até tentar meditar, ela conseguiu se acalmar e pegar no sono.

***

Jacques estava dentro da casa de Armand procurando por ele, para s despedir. Ele não queria mais ficar ali, depois que Sophie havia ido embora. Ele era tão alto e bonito, que chamava a atenção das mulheres por onde passava. Algumas já estavam tão bêbadas, que tentavam abraçá-lo. Ele gentilmente sorria, e as afastava. Ele não conseguia tirar Sophie da cabeça e já queria encontrar um jeito que vê-la novamente. Ele chegou à uma sala e viu Armand sentado em um sofá enorme, com várias pessoas ao seu redor, bebendo e conversando animadamente. Certamente, Armand estava com uma mulher, pois essa estava deitada em seu colo.

– Armand! – Chamou Jacques.

– Meu amigo! Que bom que veio à minha festa. – Disse Armand se levantando, fazendo com que a mulher que estava deitava se incomodasse e indo ao encontro de Jacques. – Se divertiu? Gostou de tudo? Está bebendo? Quer conhecer alguém aqui? – Armand estava visivelmente embriagado, mas Jacques sorriu para ele.

– Está tudo muito bom. Obrigado por ter me convidado. – Eles se abraçaram e Armand bateu com a mãos nas costas dele. – Mas eu gostaria que me contasse uma coisa. – Jacques reduziu o tom de sua voz e Armand passou o braço por cima de seus ombros e o afastou daquelas pessoas, percebendo que Jacques queria falar com mais privacidade.

– Pode dizer, meu amigo. O que quiser saber.

– Conheci uma mulher hoje, aqui na sua festa. Ela é fantástica, linda, com olhos verdes maravilhosos e com uma personalidade forte. Mas, não sei nada dela, nem onde mora, onde vai. Só sei o seu nome. – Disse Jacques e Armand, na hora já pensou em Sophie e rezou internamente para que seu amigo não tivesse se apaixonado por ela, assim como ele também era. Platonicamente, óbvio. – Ela se chama Sophie. – Armand sorriu meio torto e deu um passo para trás.

– Então, você conheceu a querida Sophie?! – Armand parecia um pouco balançado com aquilo. – Ela é realmente tudo isso que você disse e muito mais. Eu a conheço desde quando éramos crianças, desde quando seus pais ainda estavam vivos. Ela é especial.

– Sim, completamente. Tivemos uma noite perfeita, conversamos, ela me contou coisas de sua vida que acredito que sejam importantes. – Jacques respirou fundo. – Você acha possível se apaixonar assim, em apenas algumas horas com a pessoa? – Armand deu risada.

– Se a mulher for a Sophie, você se apaixona em minutos. – Armand bebeu mais um gole de seu copo de whisky. – Veja, Jacques. Sophie não é esse tipo de mulher. – E apontou para as mulheres que estavam ali na sala com ele e seus amigos. – Sophie é diferente. Ela é grandiosa. Por mais que ela diga que não, Sophie é uma pessoa diferente de todas as outras. Ela é genuína, é intrigante, é… Maravilhosa. Em todos os sentidos.

– Oh! Você gosta dela, amigo! – Concluiu Jacques e sentindo uma pontada de pavor de magoar seu amigo.

– Quem não gosta? – Armand deu risada. – Mas o que eu quero é vê-la feliz. Se ela se abriu para você, se ela te deu uma oportunidade e quer seguir com isso, não a deixe escapar. Esse é o único conselho que posso te dar. E, você também precisa encontrar alguém para estar com você e te ajudar a se recuperar da morte de sua esposa. – Eles fizeram alguns segundos de silêncio. – Ora, que casal vocês farão. – Eles deram risada.

– Como eu a encontro, Armand?

– Vou te dizer onde ela mora. Mas veja bem, nem tente sufocá-la. Ou ela vai embora sem pensar duas vezes. Ela gosta de ser livre e para ficar com ela, você precisa ser livre também.

– Compreendo… Não sei se ela quer ficar comigo, mas eu não consigo parar de pensar nela.

– Meu amigo, se ela ficou com você essa noite, se ela se abriu para você, algo que eu jamais imaginei poder ver a Sophie fazendo algo assim, pode ter certeza de que ela também está pensando em você. Absolutamente. Como eu disse, Sophie é genuína em tudo que faz, sente e produz. Você conseguiu o melhor de Paris, Jacques.

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