Capítulo 25
Os raios de sol já estavam fortes e a janela estava entreaberta, por onde entrava um pouco de vento, fazendo com que a cortina balançasse. Sophie se despertou, mas não abriu os olhos. Ela se espreguiçou e contraiu seus músculos, para poder se mexer. Abriu os olhos lentamente e não encontrou Jacques ao seu lado. Ela se cobriu com o cobertor ao sentir o vento gelado dos campos do interior da França. Olhou ao seu redor e não o encontrou. Escutou que alguém estava abrindo a porta do quarto e se deitou novamente, esperando que ele entrasse. Jacques estava vestido com uma roupa um pouco menos formal, sem o tradicional paletó e sem chapéu também. Eles sorriram ao se olharem e ele estava acompanhado de um funcionário do hotel que apenas deixou uma mesa enorme com rodinhas dentro do quarto e com muitas coisas para eles tomarem café. Jacques deu uma gorjeta ao rapaz, que saiu logo em seguida.
– Você estava dormindo tão linda que não tive coragem de te acordar. – Disse Jacques caminhando em direção à cama, se sentando ao lado dela. Se abaixou para lhe dar um beijo de bom dia. – Já é tarde. Demoramos para dormir ontem. Ou hoje. – Eles deram risada.
– Não me diga que horas são. Isso vai me lembrar dos tempos, não muito distantes, em que eu passava a noite toda bebendo nas festas de Paris, principalmente no Café Guerbois. – Eles deram risada de novo.
– Bem melhor dormir tarde pelos motivos que temos agora. – Ele disse com malícia e ela corou. Ele se abaixou para beijá-la novamente. – Eu nem acreditei quando acordei e você estava ao meu lado. Parecia um sonho.
– Eu acordei e você tinha sumido. Por segundos, pareceu um pesadelo. – Ela rolou os olhos e ele sorriu.
– Você é linda demais, Sophie. – Ele segurou a mão dela, que ainda estava deitada, a beijou com carinho. – O que deseja fazer hoje? – Ele perguntou.
– Não tenho a menor ideia. Mas se estiver muito tarde, podemos somente passear pela cidade de Amboise.
– Não está muito tarde. Temos tempo para fazer o que quisermos. – Ele disse tirando os sapatos e se deitando para beijá-la.
Eles saíram da cama e do quarto, somente algumas horas depois. E estavam cada vez mais apaixonados um pelo outro. De tarde, eles foram até a cidade de Amboise para conhecer o que havia por lá e também para visitar o Castelo de Amboise.
– Me conte a história desse castelo. – Ele disse e ela fez uma cara de que não era com ela. – Ora, eu sei que você conhece a história da maior parte desses castelos. Então, me conte. – Ele a puxou para mais perto enquanto caminhavam e eles deram risada.
– Tudo bem. Eu conto…
E eles ficaram conversando enquanto caminhavam pelo castelo, passando por corredores e salas decoradas como antigamente. Até que eles chegaram na Capela de Saint Hubert e Sophie parou antes e entrar.
– Aqui dentro, é onde está enterrado um dos maiores artistas que já existiu na história.
– Quem? – Perguntou Jacques.
– Entre e veja com seus olhos.
Eles entraram e deram de cara com o túmulo de Leonardo da Vinci. Jacques olhou sorrindo para Sophie que deu de ombros.
– Os italianos devem nos amar. Como se não bastasse ter a Monalisa no Museu do Louvre, temos também o corpo do Leonardo da Vinci.
– Sim. E foi aqui, em Amboise, que ele passou seus últimos anos de vida. Ele era muito amigo do rei Francisco. – Concluiu Sophie e eles ficaram olhando para aquele lugar, para o túmulo e pensando muitas coisas.
– Você está feliz em estar aqui? – Perguntou Jacques, sem olhar para Sophie.
Ela respirou fundo e sorriu sem mostrar os dentes, os dois ainda de mãos dadas.
– Sim. – Ela respondeu direta. Respirou fundo mais uma vez e perguntou a ele. – E você?
– Acho que não me sentia assim tão feliz desde quando me casei. – Eles se olharam e ele se aproximou para beijá-la com delicadeza. – Você está trazendo vida à minha vida. Obrigado por isso, Sophie. – Ele disse com sinceridade e ela sorriu, passando a mão no rosto perfeito dele.
– E você está trazendo paz à minha paz tão sonhada.
Ele não disse nada. Apenas sorriu e a abraçou forte. Ele sabia o quanto aquilo era importante para ela e ficou imensamente feliz em poder fazer isso para ela. No final, ele sabia que ao se apaixonar por ela, ao se esforçar para mudar a vida dela, acabou mudando para melhor sua vida também.
– Quantos dias você vai querer ficar aqui, na região do Vale do Loire? – Ele perguntou. Ela olhou sem entender.
– Nós vamos viajar para outro lugar? – Ela perguntou.
– Claro. Ou você achou que eu ficaria somente alguns dias com você aqui e pronto. Nada disso, madame Sophie. Vamos seguir viagem. Assim que você quiser sair daqui. – Eles deram risada.
– Bom… – Ela pensou. – Vamos ficar mais alguns poucos dias, conhecer mais alguns castelos e então podemos ir. Para onde quer que você queira me levar, pois nem irei perguntar para onde será. Sei que não vai me dizer. – Ela deu de ombros.
– Acertou. – Ele sorriu. – Olha só. Em tão pouco tempo você já está me conhecendo. – Ele a abraçou de novo e beijou o topo da sua cabeça.
– Conhecendo até demais. – Ela disse o provocando e ele a apertou forte.
– Eu não tenho planos de ir embora. Então fique tranquila quanto a isso. Tudo bem? – Ele disse, deixando claro que ela não iria precisar se preocupar, que ele não era um aproveitador.
– Eu sei disso. Dá para perceber.
Eles se olharam com intensidade e se beijaram. Ali dentro daquela capela. Eles sabiam que seus corações estavam cada vez mais ligados e eles estavam cada vez mais apaixonados. Estava difícil controlar tudo, então eles simplesmente se deixaram levar pelos sentimentos e pela vida que eles estavam começando a criar juntos. Naquela noite, Jacques pediu para sair de seu quarto no château em que estavam hospedados para ficar com Sophie. A partir daquele dia, eles não iriam mais gastar dinheiro com dois quartos naquela viagem.