Capítulo 15
Jacques caminhava ao seu trabalho, sorrindo sozinho e não conseguia parar de pensar em Sophie. Sua vontade era voltar para a casa dela e ficar abraçado com ela o tempo todo, o dia todo. Não conseguia reduzir essa vontade e tinha decidido que iria levar esse sentimento até onde ele quisesse ir. Se fosse ao altar, ele estaria feliz em compartilhar de sua vida com essa mulher tão linda e especial.
– Jacques! – Ele escutou alguém o chamar de longe e se virou para onde vinha o som. Viu Armand vindo correndo em sua direção, todo de paletó, fumando um cigarro, claramente também indo trabalhar. – Como vai, meu amigo?! Não te vi ontem, pensei que iria até a minha casa para conversarmos, não tivemos tempo para isso desde que chegou. – Eles sorriram e apertaram as mãos num cumprimento.
– Me desculpe, fiquei ontem o dia todo ocupado. Acabei me perdendo na hora. – Disse Jacques, que não sabia ao certo se queria dizer sobre Sophie.
– Claro, claro. Sem algum problema. – Armand estava meio agitado e parecia querer perguntar algo a Jacques. – No sábado, na festa, eu estava bem bêbado. Não lembro muito bem das coisas que aconteceram ao final da festa. Lembro de ter conversado com você sobre uma mulher, mas não lembro exatamente se isso realmente aconteceu ou se eu estava sonhando.
– Conversamos sobre a Sophie. – Jacques deu risada e Armand, sentiu uma pontada em seu estômago, pois queria que Jacques não tivesse conhecido Sophie. – Você me contou um pouco sobre ela e depois me disse onde poderia encontrá-la.
– Entendo… E você a encontrou? – Armand puxou um trago de seu cigarro, tentando disfarçar.
– Sim. – Mas Jacques percebeu. – Armand, não sei se você é apaixonado por ela, pelo o que me parece sim, você é. Não quero que meu envolvimento com ela estrague algo em nossa amizade de anos.
– Já existe um envolvimento com ela? – Armand disse meio apavorado, dando uma risada meio nervosa. – Eu a conheço há anos. Desde quando ela era pequena. Tentei milhares de vezes fazer com que ela se apaixonasse por mim. Lhe envio flores todas as semanas. – Armand estava um pouco irritado. – Ela te conhece na minha festa, – ele frisou bem que a festa era dele – e em dois dias vocês já tem um “envolvimento”? Como isso funciona, Jacques?
– Armand, não quero que você fique irritado com essa situação. Em nenhum momento ela me disse que existe algo entre vocês. Ela mal mencionou seu nome durante esses “dois dias”.
– Não existe algo entre ela e eu. Mas eu gostaria que tivesse. Se ela tivesse aceitado, eu já estaria casado com ela e com pelo menos 2 filhos. – Armand disse bem irritado. – Me desculpe, sei que a culpa não é sua.
– E muito menos dela. – Completou Jacques, defendendo Sophie.
Eles ficaram se encarando por alguns segundos e Armand apagou seu cigarro com o pé. Ele não sabia o que dizer ao seu amigo.
– Se você fizer alguma coisa de mal a ela, Jacques… Eu vou te caçar até o fim do mundo e acabar com você. Sophie é a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida. Espero que você saiba o prêmio que está conseguindo ter.
– Sim. Eu sei de tudo isso. – Jacques deu risada e balançou a cabeça. – Eu vou cuidar dela, se ela quiser que eu cuide. Eu vou estar com ela, se ela quiser que eu esteja.
Armand balançou a cabeça e ainda sério, com cara de bravo, puxou Jacques para lhe dar um abraço de homem com tapinhas nas costas.
– Seu sortudo, maldito. – Disse Armand e Jacques deu risada alto, batendo sua mão no ombro de Armand.
***
“Após um singelo sorriso e uma troca de olhar,
Por você meu coração se tocou.
As batidas dele por você dobrou.
Mal posso admitir que quero te amar.
Seria possível duas almas se reconhecerem?
Seria possível esse encontro tão perfeito?
Nessa e na próxima vida você será meu eleito.
Para que vejamos as flores crescerem.
Ao seu lado quero estar todo segundo.
Assistindo o sol nascer,
Vendo a lua no céu alvorecer,
Imaginando o oceano mais profundo.
O som da sua voz me deixou embriagada.
Tanto que já não lembro do eu era,
Passava o tempo sem perceber a primavera.
Nos seus braços encontrei minha morada.”
– Menina Sophie! – Marrion bateu à porta do ateliê de Sophie e a tirou de seu estado de criação. Ela colocou o lápis em cima das folhas que estava escrevendo e foi abrir a porta. – Essas flores chegaram para você.
Sophie pegou as flores lindas, rosas vermelhas escandalosas e cheirosas. Pegou o cartão e leu em voz alta.
– Querida Sophie. Essas serão as últimas flores que lhe enviarei. – Sophie arregalou os olhos e olhou para Marrion, que deu de ombros. – Espero que tenha feito a escolha certa para sua vida. Jacques é um rapaz digno e com um coração enorme. Tenho certeza que ele a fará feliz, caso você permita que isso aconteça. Não acredito que vivi o suficiente para ver Sophie Magret se apaixonando em apenas um final de semana. Fique bem. Do seu sempre amigo, Armand.
– Ele conhece o Jacques?
– Acredito que sim, não é?! Mas Jacques foi falar para ele sobre mim?
– Jacques ontem me disse que um amigo de vocês em comum lhe deu o endereço daqui. Acredito que tenha sido Armand.
– Sim. Eles podem ter conversado após eu ter vindo embora da festa. – Sophie deu de ombros. – Bom, pelo menos ele não vai mais de fazer passar pelo constrangimento de ter que recusar suas investidas. Sempre preferi ter o Armand na versão amigo. Mas agora fiquei curiosa sobre como ele sabe que “escolhi” Jacques. Eu não escolhi ninguém. Aconteceu. Do jeito que ele escreveu, parece que fiz tudo premeditado.
– Ele está incomodado. Daqui a pouco passa a irritação dele. – Concluiu Marrion. – O almoço estará pronto em 10 minutos. Fiz peixe ao molho de vinho branco com legumes cozidos. – Sophie sorriu ao escutar que ela tinha feito um dos seus pratos favoritos.
– Por favor, não me venha com aqueles peixes estranhos novamente.
– Sem peixes estranhos, menina Sophie. – Marrion sorriu e se foi de volta para a cozinha.
Sophie leu novamente o cartão de Armand e ao colocar em cima da mesa, viu que ele escreveu bem pequeno na parte de trás do papel.
“Eu vou te amar para sempre, Sophie”.